Offline
Novos fósseis de dinossauro são achados durante obras em rodovia de Marília
Ciência e Saúde
Publicado em 01/10/2021

Novos fósseis de dinossauro foram encontrados em obras de duplicação de uma rodovia na região de Marília (SP). Uma das peças, provavelmente um fêmur de um Titanossauro, foi achada na última sexta-feira (24), a cinco metros de profundidade, durante escavações de um talude às margens do km 341 da Rodovia Rachid Rayes (SP-333), em Marília, a aproximadamente 370 quilômetros de São Paulo.

O caso, informado nesta quinta-feira (30) pela concessionária que administra a rodovia, aconteceu apenas quatro meses depois do achado paleontológico anterior, quando a localização também de um fêmur chegou a paralisar as obras de duplicação da Rodovia Leonor Mendes de Barros (SP-333), entre as cidades de Marília e Júlio Mesquita, a cerca de 40 quilômetros de distância do achado da última sexta.

Nesta quinta-feira (30), o diretor do Museu de Paleontologia de Marília, William Nava, foi ao local das obras e encontrou novamente outros pedaços de ossos. Ele estava na companhia do geólogo Nilson Bernardi, da empresa que faz o monitoramento paleontológico do trecho da SP-333 em obras, e recolhei novos fragmentos ósseos que podem ser do mesmo dinossauro, um Titanossauro, pois estavam próximos do ponto onde foi achado o fóssil maior.

"São fragmentos de costelas, que associadas aos fósseis encontrados na sexta-feira dão uma ideia de que provavelmente havia no local mais ossos fossilizados que acabaram revelados pelos tratores. O andamento das obras poderá trazer novas surpresas, o que confirma nossa convicção de que a atual região de Marília foi habitada por diversos dinossauros, principalmente os Titanossauros, herbívoros de pescoço e cauda longos", afirmou Nava.

Retirada

Logo após a localização do fêmur por funcionários da obra, foram acionados técnicos de engenharia e de meio ambiente da concessionária de responsável pela obra e uma geóloga, que acompanharam o resgate do osso. A retirada do fóssil levou cerca da uma hora e as obras seguiram normalmente.

A extração do fóssil intacto foi assumida por paleontólogos de uma empresa especializada e do Museu de Paleontologia de Marília. Como o fóssil, que estava colado a um bloco de arenito, se desprendeu do talude facilmente, a paleontóloga Domingas Maria da Conceição usou apenas um martelo e uma talhadeira para diminuir o tamanho do bloco e recolher a peça.

"Não podemos determinar com exatidão que parte do esqueleto é exatamente, pois o fóssil ainda se encontra bastante incrustado no arenito, mas pelas características e morfologia pode se tratar de resto de fêmur ou úmero [osso da perna dianteira]", afirmou o paleontólogo William Nava.

Estudo

Na última segunda-feira (27), o fóssil foi encaminhado para o Museu de Paleontologia de Marília para ser limpo. Em uma análise preliminar, William Nava avalia como sendo o fêmur de um Titanossauro, espécie do período Cretáceo, conhecido como período final da “Era dos Dinossauros”, ocorrida há pelo menos 65 milhões de anos.

Segundo Nava, pelo tamanho, muito provavelmente ele pertencia ao Titanossauro, mesma espécie de dinossauro dono do osso encontrado em maio deste ano na divisa entre Marília e Júlio Mesquita. O osso também está no Museu de Paleontologia de Marília.

Em 2009, no km 303 da SP-333, na mesma região, paleontólogos encontraram 70% do esqueleto de outro titanossauro. Os fragmentos, que somam mais de 50 peças, encontram-se na Universidade de Brasília (UnB).

Segundo Nava, esses fósseis poderão estar expostos ao público quando o Museu de Paleontologia de Marília for reinaugurado, provavelmente em fevereiro ou março de 2022. O local, que completa 17 anos de atividades no próximo dia 25 de novembro, é o único museu com exposição de fósseis das regiões central e oeste do estado de São Paulo.

Tesouros históricos

O museu de paleontologia de Marília tem em exposição de fósseis de dinossauros e crocodilos que vem sendo coletados desde 1993 pelo paleontólogo William Nava, em campanhas de campo pela região.

Desde o início essas descobertas chamaram a atenção tanto do público quanto de universidades, e assim, em 25 de novembro de 2004 a prefeitura, por meio da secretaria municipal de cultura e turismo, inaugurou o museu de paleontologia de Marília. Em 2020, o museu recebeu descobertas de fósseis feitas em Presidente Prudente.

Infelizmente uma parte das descobertas da cidade se perderam no incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro no dia 2 de setembro de 2018. Entre as descobertas consumidas pelas chamas estavam o crocodilo pré-histórico Marilia Succhus, que viveu na região há 70 milhões de anos e um dos fósseis mais perfeitos já descoberto, e o fragmento de mandíbula de Titanossauro, único do Brasil, descoberto nos anos 2000.

TVTem

Comentários