Do G1- O médico ortopedista Laerte Fogaça de Souza Filho, de 57 anos, foi indiciado pela Polícia Civil de Igarapava (SP) pelo crime de violação sexual contra cinco pacientes mediante fraude. O inquérito policial foi concluído na terça-feira (6).
O relatório aponta que Fogaça agia com frequência, de forma sistemática e, até então, impune, uma vez que os abusos aconteciam em local fechado, com portas trancadas, sem câmeras de vigilância e distante dos olhos de testemunhas.
Também na terça-feira, a Câmara Municipal de Ituverava (SP) afastou o médico do cargo de vereador na cidade. A Comissão de Ética decidiu pela instalação da comissão processante que pode levar o parlamentar à perda do mandato. O prazo para concluir a análise é de 90 dias.
Contra Fogaça, também existe um processo judicial por erro médico movido por um paciente de Ituverava (SP), que alega ter tido a perna esquerda amputada após sofrer complicações em razão de uma cirurgia feita pelo ortopedista.
O médico está preso preventivamente na Cadeia Pública de Franca (SP) desde quinta-feira (1º).
Sem câmeras e distante de testemunhas
Segundo a Polícia Civil, o local onde os abusos aconteciam não tinha câmeras de segurança, fato que teria contribuído para que o indiciado agisse impunemente por diversas vezes.
A denúncia que iniciou a investigação, inclusive, partiu de uma vítima que procurou a polícia no dia 24 de maio, relatando ter sido abusada sexualmente por duas vezes, entre abril e maio, mas teve medo de levar o caso adiante, pois o consultório não tem câmeras e seria a palavra dela contra a dele.
A mulher conta que durante a primeira consulta, no dia 5 de abril, Fogaça teria feito elogios excessivos e acariciou a perna dela, subindo com a mão até a virilha em direção à genitália.
No dia 24 de maio, durante consulta da filha de 16 anos, o médico teria perguntado à mulher se ela 'tinha melhorado', ao que ela respondeu que sentia dores na perna ao cruzá-las. Fogaça, então, teria pedido que ela fosse "encaixada" na agenda para examiná-la.
O abuso teria acontecido neste momento, quando a vítima foi, sozinha, até uma sala reservada, enquanto a filha foi para o carro esperar a mãe.
A vítima também contou à polícia que o ortopedista esfregou o pênis com bastante intensidade na perna dela por mais de duas vezes. Ao perceber a situação, teria perguntado ao médico porque ele estava fazendo aquilo e ele teria se assustado e dito que "foi sem querer".
Após denúncia da paciente de Igarapava, a Polícia Civil descobriu que já havia queixas de mulheres em Aramina (SP) e em Guaíra (SP), feitas em 2020 e 2022. Ao todo, o inquérito policial conta com os depoimentos de cinco vítimas.
Segundo a investigação, o médico tinha um padrão para abusar das pacientes. Fogaça nega as acusações.
Foto: Reprodução/Câmara dos Vereadores de Ituverava