Do G1- O Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (27), os primeiros números do Censo 2022 sobre a população quilombola no Brasil. Agudos (SP) é a cidade com o maior número de habitantes que se consideram quilombolas no centro-oeste paulista.
No município, 275 pessoas se identificaram como quilombolas. Frente ao número total de habitantes na cidade, de 37.680 pessoas, os dados representam uma proporção de 0,73% da população. Em Marília (SP), foram identificadas apenas quatro pessoas como quilombolas. Nenhuma outra cidade da região apareceu no levantamento.
No estado de SP, dos 645 municípios, Agudos fica na 11ª posição das cidades com o maior número de quilombolas (veja o ranking abaixo com as 15 primeiras colocadas).
Quilombolas no estado de São Paulo:
Cidade: Número de quilombolas:
Eldorado 2245
Iporanga 1424
Ubatuba 1371
Barra do Turvo 1219
São Paulo 744
São Roque 532
Cananéia 501
Iguape 379
Itapeva 357
Itaoca 302
Agudos 275
Itatiba 182
Rio Claro 171
Campinas 158
Jacupiranga 133
Fonte: IBGE
Quando analisada a proporção da população quilombola para o número de habitantes de cada cidade, Agudos é a 8ª entre os municípios no maior estado da federação.
Proporção de quilombolas por número total de habitantes - Estado de SP
Cidade Proporção de quilombolas/habitantes
Iporanga 35,2%
Barra do Turvo 17,73%
Eldorado 17,18%
Itaoca 8,83%
Cananéia 4,08%
Ubatuba 1,47%
Iguape 1,3%
Agudos 0,73%
São Roque 0,67%
Itapeva 0,4%
Fonte: IBGE
Pioneirismo no Censo
Pela primeira vez em um levantamento censitário brasileiro, a população quilombola foi identificada, enquanto grupo étnico. O Censo apontou que o Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas, sendo que cinco estados concentram 76,5% da população quilombola no país.
Ao todo, quase seis mil comunidades quilombolas espalhadas por mais de 1,6 mil municípios do país foram visitadas. Os territórios quilombolas foram identificados pelo Incra e pelos institutos estaduais da terra.
Origem
Quilombolas são povos de regiões remanescentes de quilombos, que eram as comunidades formadas por escravos fugitivos na época da escravidão no Brasil.
A palavra quilombo origina-se do termo kilombo, presente no idioma dos povos Bantu, originários de Angola, e significa local de pouso ou acampamento.
Os povos da África Ocidental eram, antes da chegada dos colonizadores europeus, essencialmente nômades, e os locais de acampamento eram utilizados para repouso em longas viagens. No Brasil Colonial, a palavra foi adaptada para designar o local de refúgio dos escravos fugitivos. Quilombola é a pessoa que habita o quilombo.
Os povos quilombolas não se agrupam em uma região específica ou vieram de um lugar específico. A origem em comum dos remanescentes de quilombos é a ancestralidade africana de negros escravizados que fugiram da crueldade da escravidão e refugiaram-se nas matas.
Imagem Ilustrativa: Território Kalunga, a maior comunidade quilombola do Brasil — Foto: Fábio Tito/g1