Desde a década de 1940, a expectativa de vida da população brasileira aumentou 30 anos e, hoje, está em 77 anos. E a tendência é aumentar. Segundo a ciência, metade das crianças que nascem atualmente chegará aos 100 anos, o que impõe o grande desafio de saber envelhecer.
Segundo o médico e coordenador do Programa USP 60+, Egídio Dória, entrevistado pela EPTV, a genética é responsável por apenas 25% da longevidade de uma pessoa. O restante depende do estilo de vida.
“O mais importante são as escolhas que nós fazemos ao longo da vida”, afirmou.
De acordo com o médico, existe um intervalo entre a expectativa de vida e expectativa de vida saudável de 7 anos para homens e 10 anos para mulheres e as atitudes que tomamos na infância, na adolescência e na adultidade repercute na forma como envelhecemos.
“Apesar de termos aumentado nossa longevidade, nossa expectativa de vida saudável não aumentou de forma condizente. Nós temos que pensar em envelhecer bem é não somente estender os nossos anos de vida, mas colocar mais vida nesses anos.”
Como envelhecer bem?
Segundo o dr Dória, um bom envelhecimento passa por três fatores, que ele chama de capitais:
Capital saúde – física e mental
“Existe a questão do bem-estar. Nós focamos sempre na questão da promoção da saúde, na prevenção de doenças e quando elas aparecem, em um diagnóstico precoce e no controle adequado para evitar suas complicações que impactam negativamente na qualidade de vida.
Ele cita pontos fundamentais para a manutenção da saúde física:
controle de peso
atividade física
evitar o tabagismo
restrição do consumo de álcool
sono de qualidade
boa alimentação (leia mais abaixo)
Capital social
O dr. Dória ressalta a importância da sociabilidade, inclusive para a saúde mental. O isolamento aumenta o risco de ter um quadro de demência, de infarto e de morte precoce.
“Acredita-se que o fato de você estar só continuamente tem o mesmo impacto que você fumar meia carteira de cigarros por dia”, afirmou.
Ele indica deixar de lado as mídias e tecnologia e investir no contato humano.
“Temos que nutrir amizades. Amizades que sejam positivas que nos façam bem e também amizades com diferentes faixas etárias porque, habitualmente, quando nós chegamos a uma idade mais elevada o nosso cônjuge pode morrer, os nossos amigos na mesma faixa etária podem morrer, e ter relações com diferentes faixas etárias te enriquece muito, são outras opiniões, outros pontos de vistas, outras vivências.
Capital financeiro
“À medida que a gente envelhece muito provavelmente a nossa capacidade produtiva pode ficar reduzida e a gente precisa de dinheiro para envelhecer bem. Não podemos ficar pautados naquela imagem de aposentar aos 55, 60 anos, já que a gente vai viver quase praticamente até os 100”, alerta.
O médico ressalta a importância de se manter atualizado. “O processo de aprendizagem continuada aumenta a sua reserva cognitiva diminui seu risco de ficar demenciado.”
Alimentação
Uma das grandes aliadas da saúde, um dos grandes capitais a serem observados no envelhecimento, segundo o dr. Dória, é a alimentação. E, neste caso, a grande palavra é equilíbrio.
‘Se você não tem nenhuma restrição alimentar específica, dá para comer de tudo um pouco. Na pizza alimentar há que você pode comer uma maior quantidade, maior frequência e outros não. Por exemplo, eu vou comer uma sobremesa, mas não todos os dias e em todas as refeições. Então, você restringe aqueles alimentos que possam não ser tão benéficos ou de trazer algum efeito negativo para a saúde e prioriza outros que você tem nenhuma restrição”, orienta.
Alimentos recomendados - verduras e legumes verdes, cereais integrais (granola, lentilha), nozes, leguminosas como feijão, carne branca (porções variadas ao longo dos dias, com alternância entre frango e peixe).
Alimentos que devem ser restringidos - carne vermelha, alimentos processados, açúcar, álcool em excesso.
Outro fator essencial é a boa hidratação.
Outra dica do médico e não comer até se fartar. “Não é para comer para sentir empanzinado, quando você tiver 80% satisfeito, você para.”