Viajar e deixar os pets para trás já não é uma opção há muito tempo, já que os animais de estimação são cada vez mais considerados integrantes da família.
Ter os companheiros de quatro patas por perto durante uma viagem exige planejamento e precauções para garantir a segurança e o bem-estar dos animais, além de cumprir normas que prezam pela segurança dos animais e dos outros ocupantes do veículo.
Beatriz Marçal é estudante e tutora do Boris e da Sabrina. Ela conta que sempre tem a companhia dos cachorros quando viaja, mas que nem sempre foi fácil levá-los consigo.
“O Boris nunca teve um problema em andar de carro, tanto que ele adora! A primeira viagem que eu fiz com ele eu estava bem despreparada, não tinha o material necessário para colocar nos bancos então improvisei com lençol e coberta que não usava mais. Foi uma viagem de 2h30, levei água e alguns biscoitos e fiz uma parada pra caso ele quisesse fazer alguma necessidade. Hoje em dia eu uso uma capa própria para cachorro no banco traseiro, que é bem espaçosa, além de ela vir com um cinto pra você conectar a coleira e o cachorro ficar mais seguro”, explica a estudante.
Já com Sabrina, foi diferente. A tutora conta que a cachorra apresentava muita recusa a ao menos chegar perto do carro e que durante o trajeto, apresentava episódios de vómitos.
“Ela já deu mais trabalho com viagens e até passeios curtos de carro, porque ela passava muito mal, de vomitar mesmo. Eu levei ela no veterinário que passou um remédio para ela não ter enjoo, e hoje em dia ela está mais acostumada”, explicou Beatriz.
A decisão de Beatriz de procurar ajuda veterinária é a mais correta. Os profissionais podem dar alternativas de como transformar as viagens, que já são naturalmente estressantes, em algo mais leves para os pets.
Felipe Gonçalves é psiquiatra veterinário, e ressalta que o psicológico dos animais é um dos principais pontos a serem levados em consideração. O dono deve ficar atento a qualquer mudanças de comportamento do pet, antes, durante ou depois da viagem.
“O primeiro sinal de estresse e medo é refugar de entrar no carro, ou se ele é colocado dentro do carro e começa a tremer, com a pupila dilatada, ou até micção e defecação descontrolados. Latidos, miados excessivos, são todos sinais de desconforto”, explica o veterinário.
Além disso, o médico veterinário explica a necessidade de respeitar o comportamento do animal, e que, em certos casos, é muito mais benéfico para o próprio bichinho que ele fique em casa ou com um cuidador.
"O tutor deve respeitar se aquele animal quer realmente quer estar dentro daquele carro ou se não é muito mais benéfico para ele estar em casa ou com um cuidador. Para a viagem ter sucesso, o animal tem que querer andar de carro, ele não pode estar sofrendo durante aquele processo", pontua.
Caso a viagem seja estritamente necessária, começar com trajetos de menor duração é uma boa alternativa, para que o animal vá se acostumando.
"Então a gente sempre recomenda iniciar com uma viagem curta, depois vai aumentando. Nunca se deve submeter ele de uma vez a uma viagem longa, porque isso é um componente para a viagem virar um caos."
Dispositivos de segurança
Felipe Gonçalves explica que até em viagens mais curtas ou passeios dentro da cidade os equipamentos de segurança são parte fundamental de processo e devem ser sempre utilizados, para garantir a integridade tanto dos animais, quanto dos motoristas e passageiros.
"Os dispositivos de segurança são essenciais para garantir a integridade física dos animais, dos cães ou dos gatos que estão viajando e até de outros ocupantes. Lembrando que se um animal pula no acelerador ou pula em cima do dono, fica latindo tirando a atenção do motorista, tudo isso pode causar um acidente grave"
Em janeiro de 2024, uma médica de 29 anos e os seus três pets, que viajavam com ela, morreram após o carro que ela dirigia capotar na Rodovia Marechal Rondon (SP-300), em Presidente Alves (SP).
Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMR), Laís Cristina Agostinho Xavier perdeu o controle do veículo e bateu contra a canaleta de escoamento de água do canteiro central. Ela e seus três pets morreram no local.
O que diz a legislação?
Embora não haja uma legislação específica sobre o transporte de animais de estimação em veículos, é fundamental seguir as normas de segurança estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O não cumprimento dessas normas pode resultar em multas e pontos na CNH do condutor.
O Código de Trânsito Brasileiro prevê, atualmente, três infrações para quem desrespeitar as regras durante o transporte de cães e gatos:
Levar o animal solto dentro do veículo: infração leve, com multa de R$ 88,38 e três pontos na CNH;
Levar os animais no colo, perto do vidro ou pernas: infração média, com quatro pontos na CNH e multa de R$ 130,16.
Levar o animal em alguma parte externa do veículo, no teto ou capô: infração grave, multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH.
G1