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Ratos, aves e lagartixas: especialistas falam sobre 'presentes' que gatos trazem para os tutores
Gerais
Publicado em 31/05/2024

Quem é gateiro provavelmente já se deparou com esta situação: acordar no meio da noite ou de manhã com algum inseto ou animal pequeno trazido por seu gatinho, que aproveitou o dia para dormir e a noite para caçar.

Caminhas, sachês, brinquedos e caixas de areia não são suficientes para manter a curiosidade e o instinto selvagem dos gatos apenas dentro de casa. Segundo veterinários, eles sentem vontade de sair para caçar e "presentear" os tutores com as suas presas devido ao costume herdado de seus ancestrais.

A veterinária Rosângela Barone Goemeri, de Avaré (SP), conta que, antigamente, os gatos tinham a caça como uma necessidade básica ou morriam de fome e de sede, diferente dos dias atuais, em que recebem tudo nos comedouros e bebedouros.

"Quando viviam em liberdade, precisavam caçar para sobreviver e, hoje, caçam por 'esporte'. Eles nem comem a caça e, sim, apresentam aos tutores", explica Rosângela.

A veterinária ainda destaca que a grande maioria dos gatos quase não ingere água suficiente para fazer com que o sistema urinário funcione corretamente, o que pode causar insuficiência renal e, muitas vezes, a morte dos bichanos.

Esta característica de beber pouca água, segundo a especialista, também é um comportamento herdado dos ancestrais, pois os gatos selvagens, oriundos do Oriente Médio, se mantinham hidratados ao extrair água das vísceras das aves e roedores abatidos.

Domesticar os bichanos

Antes de eles aparecerem "amassando pãozinho", escalando móveis, empurrando objetos para o chão e se esbaldando de sachês, os gatos eram selvagens e precisavam se virar sozinhos. A veterinária acrescenta que o ancestral direto dos felinos que temos em casa hoje é a subespécie Gato-selvagem-africano, de nome científico Felis silvestris lybica.

"Cientistas descobriram que os queridinhos peludos que tanto amamos ainda carregam o mesmo DNA dos gatos selvagens, e que todos os cruzamentos são originários do Felis silvestris lybica, que é o ancestral direto de todos os felinos", destaca.

O processo de domesticar gatos começou há muitos anos, a partir do momento em que a humanidade percebeu quais eram os principais alvos dos felinos, segundo Rosângela. Os gatos caçavam roedores, animais que costumavam se alimentar do suprimento do povo, então os gatinhos passaram a ser acolhidos por tutores e treinados para localizar os ratos "meliantes".

O resultado desta prática não é surpresa para ninguém. Hoje os bichanos fazem parte das famílias de muita gente e têm uma vida tranquila. Por mais que sejam um pouco rabugentos e fujam de alguma carícias, criam fortes laços afetivos com os tutores.
Antes da vida de gatos domésticos, os felinos precisavam se virar sozinhos na natureza — Foto: Reprodução

Presentes igual no 'Minecraft'

Os gatos do jogo "Minecraft", da desenvolvedora Mojang Studios, possuem comportamentos que fazem alusão aos de gatos reais. Quando domesticados com peixes, os gatos trazem presentes para os jogadores pela manhã, assim como os gatos da vida real, que usam a maior parte do dia para dormir e ficam com energia para brincar e caçar durante a noite.

No jogo de videogame, os gatinhos trazem pé ou pele de coelho, linhas, carnes ou penas, itens úteis para o desenrolar da gameplay, porém, o que um humano fora do ambiente virtual poderia fazer com lagartixas, aves, ratos e insetos mortos? Segundo os veterinários, estes são alguns dos "presentes" mais comuns recebidos por gateiros.

Por mais que possa parecer estranho, apresentar sua "conquista" é uma forma de demonstrar afeto pelos tutores.

 Sair de casa é perigoso

O veterinário Leandro Proença, de Itapetininga (SP), salienta que, apesar de ser algo instintivo e às vezes inevitável, gatos terem o costume de sair de casa para caçar pode ser perigoso para a saúde deles.

"É importante manter o instinto de caça, porém, no ambiente em que vivemos, isso pode resultar em doenças, envenenamento, acidentes no trânsito, brigas com outros gatos, então é indicado que o felino não tenha acesso à rua sozinho. Hoje em dia, muitos passeiam de coleira com seus tutores", explica Leandro.

Como uma forma de tentar controlar estes comportamentos dos gatos, o veterinário sugere que os tutores comecem com a castração, pois a tendência é o felino ficar mais calmo se a cirurgia for feita na idade adequada.

"Estimular os gatos a atividades em casa com brincadeiras, deixar obstáculos próprios para felinos na residência... Isso ajuda eles a gastarem energia e inibir fugas indesejadas", finaliza Leandro.

Do G1

 

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