Menina de 2 anos e 8 meses foi encaminhada ao hospital, mas não resistiu. Parentes alegam que não houve atendimento médico na cidade.
Uma menina de dois anos e oito meses morreu na madrugada deste domingo (21) em Areiópolis (SP), depois que um aparelho de televisão caiu sobre ela. Segundo a família, a criança não foi atendida na cidade porque não havia médico no pronto-socorro e na unidade do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu).
A menina estava deitada com a mãe e se levantou da cama dizendo que iria buscar água. No caminho até a cozinha ela se apoiou no rack onde estava uma TV de tubo de 29 polegadas. O aparelho, que pesa cerca de 30 kg caiu sobre a cabeça da criança.
Ela foi levada de carro até o pronto-socorro onde, segundo a família, não havia nenhum médico de plantão. Parentes dizem que uma enfermeira se negou a prestar os primeiros-socorros e orientou que a criança fosse levada ao hospital de São Manuel, cidade vizinha.
“Na hora de socorrer foram até o hospital, mas não tinha ninguém para socorrer. Ela precisava de atendimento na hora para ser reanimada. Tiveram que levá-la ao Samu, mas também não havia médico”, conta Luís Benedito Godoy, avô da menina.
A criança só foi reanimada quando estava a caminho de Botucatu, por um médico que saiu da cidade vizinha e se encontrou com a ambulância na rodovia, cerca de quarenta minutos depois do acidente.
Ela foi levada ao Hospital da Unesp de Botucatu, onde teve uma segunda parada cardíaca e não resistiu. “É um abandono, um descaso com a população de Areiópólis. Todo mundo paga o imposto aqui, somos cidadãos, vivemos aqui, por que não temos o atendimento certo? Por que não ser atendido aqui?”, questiona o avô.
O G1 tentou entrou contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura para questionar sobre a alegação de que não havia médico e, por telefone, o prefeito afirmou que há médicos no pronto-socorro, mas, houve um problema na troca de turno. De acordo com o chefe do executivo, o médico que ficava até às 19 horas foi embora antes da chegada do outro plantonista, que teria se atrasado porque estava em atendimento de outra emergência.
Já em entrevista ao Tem Notícias, o diretor de Saúde de Areiópolis, Paulo Godoy, explicou que a escala de médicos no Pronto-Socorro está fechada, ou seja, há médico no local 24 horas, por isso eles estão apurando o que houve no caso da menina. “Nós estamos apurando o que a família está afirmando, de que não havia médico no local, porque pela escala o médico sai às 19 horas e outro deve entrar neste horário, não existe intervalo sem médicos”, afirma.
Ainda segundo o diretor foi convocada uma reunião na tarde desta segunda-feira (22) com a enfermeira que realizou o atendimento e o médico que deveria estar no local às 19 horas do sábado, dia do incidente, para apurar o que houve. “O Pronto-Socorro em nenhum momento pode ficar sem médico, o plantonista só pode sair no momento que o outro profissional chegar, senão o atendimento fica descoberto, por isso precisamos saber se o médico realmente não estava lá e o porquê”, ressalta. Ainda de acordo com o diretor, se constada essa falha no atendimento os profissionais envolvidos devem ser afastados.
Fonte G1