Estimativa inclui quebra de acordos comerciais; rombo seria pago pelo governo
RIO - O esforço da Fifa e do governo em garantir a Copa das Confederações tem motivo: um prejuízo bilionário. A suspensão do torneio e, eventualmente, da Copa, deixaria um rombo de mais de R$ 10 bilhões, que seria bancado, em grande parte, pela União.
A estimativa é de fontes da Fifa ouvidas pelo Estado, com base nos valores da seguradora Munich Re, a maior do mundo, contratada para garantir a Copa de 2010. Eventuais problemas em 2014 poderiam até superar a marca da África do Sul.
Esse valor incluiria o rompimento de contratos, a suspensão de serviços e o cancelamento de acordos de televisão e de marketing, além de infraestrutura. A previsão é de que a Copa consumiria investimentos de US$ 3,2 bilhões por parte da Fifa.
Pela Lei Geral da Copa, cabe à União bancar grande parte dos prejuízos da Fifa em caso de suspensão do evento. Mas o que mais assusta a entidade é que, se isso ocorrer, processos judiciais e disputas comerciais seriam lançadas.
Hoje, a realização da Copa do Mundo e da Copa das Confederações garante a existência de mais de mil contratos comerciais e de fornecimento entre a Fifa, o país-sede e os organizadores locais. Financeiramente, portanto, o evento já está amarrado ao País. Os contratos não seriam rompidos por problemas com estádios, por exemplo, mas em um momento de caos social, a situação é outra.
A possibilidade de rompimento, em condições normais, é considerada tão remota e os prejuízos, tão elevados, que a Fifa nem sequer tem um seguro que cobriria todo o evento. A estratégia adotada pela entidade desde 11 de setembro de 2001 foi o de criar um "colchão financeiro" que permita a ela sobreviver mesmo sem um Mundial, sua principal fonte de receita.
PATROCINADORES
Fontes na Fifa também dizem que patrocinadores estão preocupados com a repercussão negativa para suas marcas. Muitos prefeririam ver uma transferência da fase final da Copa das Confederações para outro país do que um desastre no Brasil.
Nos últimos dias, patrocinadores têm feito queixas à entidade por não dar garantias a seus convidados, um dos pontos centrais dos acordos. Operações de marketing foram canceladas e, segundo empresas, mesmo que o torneio chegue ao final, os prejuízos serão grandes.
Oficialmente, porém, as empresas se recusam a comentar os problemas. A Coca-Cola, em nota, afirmou que "os eventos vão colaborar para o desenvolvimento econômico e social do país" e que "manifestações públicas e pacíficas fazem parte do processo democrático".
Enquanto a Fifa faz suas contas, a ordem da cúpula da entidade é a de evitar as ruas e esconder qualquer sinal relacionado à organização. O Estado presenciou o momento em que funcionários do Copacabana Palace, quartel-general da entidade, foram instruídos a retirar bandeiras com o nome da Fifa dos mastros do hotel.
Publicamente, a Fifa faz uma verdadeira ofensiva para negar as informações que apontam para um possível cancelamento do torneio. Segundo a entidade, essa opção jamais foi debatida, mas a assessoria tem mentido sobre a realização de reuniões para tratar do assunto.
A Fifa reconhece, porém, que o presidente Joseph Blatter, agora na Turquia, tem sido informado sobre os últimos acontecimentos. A entidade insiste que a viagem estava planejada, mas o Estado apurou que o dirigente cancelou, de última hora, jantares com governadores nordestinos.
Do MSN