Os dois presos mortos durante a rebelião que durou 21 horas na penitenciária Dr. Antônio de Queiróz Filho, em Itirapina, foram esquartejados por outros detentos, segundo relato de familiares que passaram a noite no local.
O motim foi o primeiro do ano nas 156 unidades prisionais do Estado, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).
Mulheres de presidiários ouvidas pela Folha nesta segunda-feira (15) afirmaram que os dois presos foram mortos porque tinham dívidas com outros detentos.
De acordo com uma delas, que não quis se identificar, as cabeças dos presos foram carregadas dentro de vasilhas. Os corações e os fígados deles também foram colocados em outros recipientes plásticos.
A versão foi confirmada por outras cinco pessoas. No total, desde o início da rebelião, às 11h deste domingo (14), 68 visitantes ficaram na prisão --segundo elas, por vontade própria, para os presos não serem agredidos.
A rebelião começou, ainda conforme relato de familiares, após uma visitante não conseguir entrar na penitenciária. Seu nome não estava na lista das visitas permitidas, conforme ela.
Descontente, o detento que a receberia iniciou o tumulto.
A rebelião terminou por volta das 8h20 de hoje, após a chegada do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Segundo a SAP, o batalhão entrou no presídio para realizar uma revista geral após o fim do motim. A secretaria, no entanto, não divulgou as circunstâncias que levaram ao fim da rebelião.
A penitenciária Itirapina 1 tem o triplo de presos do que foi projetada para abrigar. São 692 detentos em um espaço com capacidade para 210, de acordo com informações da SAP.
Segundo o sindicato dos funcionários das penitenciárias, detentos de Itirapina já foram transferidos para outros presídios do Estado. (Da Folha de São Paulo)