“Cada dia foi um desespero", desabafou Amanda ao chegar nesta segunda.
Ela passou 17 dias presa no país asiático e foi liberada neste domingo.
Após 17 dias de detenção em uma penitenciária chinesa, a modelo gaúcha Amanda Griza retornou ao Brasil nesta segunda-feira (26). Ela foi detida sob a acusação de trabalhar ilegalmente na China, pois entrou com visto de negócios naquele país. Segundo o pai, Edson Griza, eles exigiram um visto de trabalho específico para a função. A jovem chegou a Santa Catarina, onde a família vive, por volta das 21h30 e foi recepcionada em Florianópolis pelos pais, avós paternos, sobrinha, tia amigos e a madrinha.
Amanda não segurou a emoção ao reencontrar os pais. Ao lado de Edson e Helena Griza, ela desabafou e contou breviamente como foram os 17 dias de prisão. Segundo a jovem, ela ficou em uma cela onde permaneciam entre 10 e 14 detentas. "Sempre entrava e saía pessoas", relembrou.
A modelo brasileira também relembrou momentos de tensão na sala de imigração. “Passamos oito horas na sala, sem saber o que estava acontecendo”. Após seguiram de ônibus para a delegacia de Pequim, onde foram mais 24h de tensão. “Lá as pessoas gritavam e falavam em Russo, eu não entendia nada. Realizamos exames de urina para ver se alguma das meninas estava grávida”.
Segundo ela, depois de ter assinado alguns documentos foi transferida para a penitenciária do país. Os policiais do local tentaram queimar as modelos com cigarro e algumas foram agredidas. No total eram 31 jovens de várias nacionalidades. Antes da chegada a Florianópolis, o pai já havia adiantado que a jovem passou dois dias sem dormir e sem comer até ser transferida para uma penitenciária.
“Foram dois meses e meio de trabalho maravilhosos. Fiz amigos para o resto da vida e não me arrependo de nada. E depois vivi esse pesadelo de ser presa e não saber quando ia sair”, garante Amanda.
Quando questionada se continuará a ser modelo, a gaúcha se mostrou em dúvida. Ela diz ainda não saber o que fazer. Segundo a jovem, esta é uma profissão que "ama muito", mas não tem certeza, no momento, se permanecerá na carreira.
Reencontro
No Aeroporto Internacional Hercílio Luz, na capital catarinense, a chegada da garota de 19 anos era esperada desde as 20h. No saguão, os pais, Edson e Helena, eram um misto de alívio, angústia e saudade. “É estranho. O nosso coração agora está calmo, mas temos receio de como ela vai chegar. A Amanda é uma garota inteligente, forte e tranquila. Só que foi um baque muito grande”, relatou o pai, cerca de meia hora antes da filha desembarcar no estado que a família escolheu para viver há sete anos.
Os pais da jovem modelo internacional, que já trabalhou no México, abriram um salão de beleza em Balneário Camboriú, no litoral catarinense. Eles viajaram cerca de 80 quilômetros para reencontrar a filha na capital do estado com familiares e amigos.
Amanda chegou ao Brasil, por volta das 17h, em São Paulo. Lá, ela foi recepcionada pelo agente internacional independente que a auxiliou na ida ao país asiático. O profissional passou cerca de duas horas com a garota até ela embarcar para Santa Catarina.
Todo o percurso, da China a Santa Catarina, foi feito de forma solitária. Amanda Griza saiu da Penitenciária chinesa no domingo (25), por volta das 19h30 (horário local; 8h30, no horário de Brasília). Escoltada pela Polícia inteligente do país asiático e pela vice-cônsul brasileira, Carmelita Pollicott, ela embarcou em Pequim rumo ao Brasil sem acompanhantes.
Prisão e soltura
Amanda estava na China para trabalhar como modelo durante seis meses. Os quatro primeiros seriam em Pequim e os dois últimos em Hong Kong, mas em 8 de maio de 2014, ela foi detida.
A brasileira fazia parte de um grupo de modelos convocado para participar de uma seleção em Pequim, que na verdade se tratava de uma ação policial em um casting falso. Agentes públicos daquele país simularam a seleção para prender as garotas que, segundo as autoridades chinesas, estariam trabalhando de forma ilegal.
A gaúcha e outras 31 modelos, segundo as informações confirmadas aos pais neste domingo (25) por telefone, foram presas e levadas para a Imigração do país asiático. Lá, conforme Edson Griza, elas ficaram dois dias sem dormir e sem comer.
Ele contou ao G1 que a filha relatou ter conseguido descansar somente depois de ter chegado na Penitenciária de Pequim. A garota conseguiu avisar os pais sobre o que estava acontecendo por meio de um aplicativo de comunicação instantânea do celular.
Depois de sete dias, a jovem conseguiu falar com a vice-cônsul brasileira que foi à prisão entregar à modelo detida uma carta da mãe e aí conseguiu saber o que havia acontecido.
“Cada dia que passava foi um desespero. E uma lição que vou levar para o resto da vida. Tive muito tempo para pensar e perceber como às vezes reclamamos de boca cheia. Eu tinha tudo e reclamava. Penso muito diferente agora e tenho certeza que a família é o mais importante para mim. Vou dar valor ou meu tempo e principalmente a minha liberdade”, analisa Amanda.
Incomunicável
A família passou todo o período de detenção da jovem sem conseguir falar com ela. Apenas neste domingo (25), depois de ser solta, ela conseguiu voltar a se comunicar com a família. Por meio de um sistema de mensagens pelo celular ela avisou à mãe que estava livre. Além da brasileira, outras 15 modelos também foram liberadas neste domingo.
Segundo o pai de Amanda, ela contou que a outra parte do grupo deve ser liberta no meio desta semana. O conselho que a modelo passa para outras meninas: “Não deixe de realizar seu sonho. Mas não vá para um país comunista, estude bem as leis do local e saiba sobre os costumes”, desabafou Amanda em um momento de muita emoção ao lado dos pais.
G1