Dados divulgados nesta quarta-feira (16) pela Unaids, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, aponta que o índice de novos infectados pelo vírus no Brasil subiu 11% entre 2005 e 2013, tendência contrária aos números globais, que apresentaram queda.
No mesmo período, a quantidade de casos no mundo caiu 27,5%, de 2,9 milhões, em 2005, para 2,1 milhões, em 2013. Desde 2001, a queda foi de 38%. As informações estão em um novo relatório que analisa o impacto da Aids no planeta.
As mortes relacionadas com o vírus registraram queda de mais de um terço na última década. Em 2013, 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da doença, uma queda de 11,8% em comparação com 1,7 milhão de mortes em 2012, segundo os números da ONU. Além disso, o número representa uma queda de 35% na comparação com as 2,4 milhões de mortes registradas em 2004 e 2005.
"Terminar com a epidemia da Aids é possível', afirmou Michel Sidibe, diretor Unaids. "Restam cinco anos para estabelecer os objetivos, que foram cumpridos até agora. Os próximos cinco anos serão decisivos para os próximos 15", completou.
O relatório destaca que 35 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2013, um número um pouco superior aos 34,6 milhões de 2012. "Dos 35 milhões de pessoas que vivem com o HIV no mundo, 19 milhões não sabem que são soropositivos", disse o diretor da Unaids.
Dados do Brasil
Segundo o relatório da ONU, o Brasil tinha 730 mil pessoas com Aids vivendo no país em 2013, número que representa 2% do total mundial. Estima-se que 44 mil pessoas tenham contraído o HIV apenas no ano passado, montante que também representa 2% do total global.
O documento não apresenta a quantidade de casos existentes em 2005, apenas o percentual comparativo.
Os dados das Nações Unidas afirmam que 16 mil pessoas com HIV morreram no ano passado e que 327.562 pessoas utilizavam antirretrovirais.
Em relação à América Latina, 47% dos novos casos registrados no ano passado surgiram no Brasil, sendo o México o segundo país com mais contaminações novas.
De acordo com a ONU, os grupos particularmente vulneráveis a novas infecções são transsexuais, homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e seus clientes, além de usuários de drogas injetáveis.
No fim do ano passado, o Ministério da Saúde havia divulgado que o país tinha cerca de 700 mil pessoas infectadas pelo vírus, sendo que 39 mil descobriram estar contaminadas em 2013. Além disso, o governo informou que 300 mil pessoas estavam em tratamento em 2013.
África, o continente mais afetado
A África continua sendo o continente mais afetado pela doença, com 1,1 milhão de mortos em 2013, 1,5 milhão de novas infecções e 24,7 milhões de africanos que vivem com o HIV.
África do Sul e Nigéria encabeçam a lista de países mais afetados e a Unaids recorda que na África subsaariana ainda é muito difícil o acesso às camisinhas: cada indivíduo sexualmente ativo tem acesso a apenas oito preservativos por ano em média.
A América Latina tinha 1,6 milhão de soropositivos em 2013 (60% deles homens) e o número de novos infectados permaneceu estagnado, com um recuo de apenas 3% entre 2005 e 2013. Na Ásia, os países que mais preocupam são Índia e Indonésia, onde as infecções aumentaram 48% desde 2005.
O relatório da Unaids destaca os avanços no acesso aos tratamentos antirretrovirais, com 12,9 milhões de pessoas atendidas em 2013, contra apenas 5,2 milhões em 2009. Mas o importante avanço é inferior à meta da ONU, que espera 15 milhões atendidas em 2015.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu recentemente mais esforços para tratar em particular os homens que têm relações sexuais com homens, as pessoas transgênero, detentos, profissionais do sexo e usuários de drogas.
"Para garantir que ninguém ficará para trás nós temos que diminuir a brecha entre as pessoas que podem ser atendidas e as que não, entre as que estão protegidas e as que são castigadas", disse o diretor da Unaids.
O dinheiro destinado ao combate contra a Aids subiu de US$ 3,8 bilhões em 2002 para US$ 19,1 bilhões em 2013, mas está longe do objetivo da ONU de arrecadar entre 22 e 24 bilhões de dólares em 2015.
G1