O ano de 2014 marca o centenário do primeiro filme de um dos grandes personagens de Charlie Chaplin, o Carlitos. E ninguém melhor para falar de Chaplin que a filha dele, Geraldine.
Caricato e ao mesmo tempo carismático, a criação do ator inglês Charlie Chaplin conquistou plateias em uma época em que o cinema ainda era uma grande novidade e mudo.
“Ele mudou a forma de se fazer comédias”, conta a filha de Chaplin, Geraldine, que vem ao Brasil este mês para uma homenagem ao pai no Festival Internacional de Cinema de Brasília.
"Até 'O garoto', os filmes eram somente pastelões ou somente dramas. Ninguém misturava os dois", lembra.
Chaplin escreveu, dirigiu e atuou como Carlitos em dezenas de filmes como "Tempos modernos” e "O Vagabundo".
Histórias simples, mas sem abrir mão de críticas sociais e políticas. Como em "O grande ditador", uma sátira ao tirano alemão Adolf Hitler.
“Foi o maior sucesso dele, porque as pessoas se deram conta que podiam rir daquele monstro”, ela avalia.
Chaplin teve que fugir dos EUA nos anos 50 por ser acusado de ser comunista
Mas a ousadia do artista também causou problemas para ele. Nos anos 50, Chaplin teve que fugir dos Estados Unidos, acusado de ser comunista. “Eu só fui saber disso bem depois, já era adolescente”, conta Geraldine.
Ele era politicamente incorreto, estava muito à frente de seu tempo.
Geraldine seguiu os passos do pai no cinema. Aos 70 anos e com mais de 130 filmes na carreira, ela já foi indicada três vezes ao Globo de Ouro. Interpretou até a própria avó em "Chaplin", que contava a história do pai.
Quando Geraldine nasceu, em 1944, o personagem Carlitos já estava aposentado. Mas ela começou no cinema pelas mãos do próprio pai. Tinha 8 anos de idade quando fez uma pequena ponta no filme 'Luzes da Ribalta'.
“Olha, sinto desapontar, mas eu era tão nova, que o melhor daquele dia para mim foi não ter que ir à escola”, ela brinca.
Neta de Chaplin faz sucesso em série de TV americana
A paixão pelo cinema corre na família. A filha de Geraldine, Oona Chaplin, tem apenas 28 anos e já é destaque em uma das séries de maior sucesso, hoje, na TV americana: "Game of Thrones".
Apesar da mesma profissão, mãe e filha dividiram os palcos apenas uma vez. "Foi em um programa austríaco", ela conta.
As duas cantaram "Smile", um clássico composto por Chaplin. “Eu morri de vergonha, porque não sei cantar direito”, diz.
Mas é só puxar um pouquinho e Geraldine se solta. “Essa música é a cara do Carlitos, porque traduz exatamente a mensagem de esperança que ele passava nos filmes”.
Um século depois, ainda é possível rir de Carlitos? “Claro! Não importa se é em preto e branco, até hoje as crianças se encantam por ele”, ela responde.
“Se estivesse aqui hoje, Carlitos certamente faria comédias incríveis, porque ele sempre achava um jeito de nos fazer rir”, ela conta.
Não é à toa que Chaplin, o mestre da comédia do cinema mudo, dizia: "Um dia sem risadas é um dia desperdiçado".
G1