Um homem armado mantém dezenas de reféns no Lindt Chocolat Cafe, em Martin Place, em Sydney, desde as 21h (horário de Brasília) de domingo (14), 10h de segunda-feira (15) na Austrália. A polícia está em contato com o sequestrador, mas ainda não soube precisar o número de reféns, que pode chegar a 50, entre funcionários e clientes. Cinco deixaram a cafeteria até o momento.
As motivações do ataque ainda são desconhecidas. Por volta das 2h45, três homens saíram da lanchonete e ainda não se sabe se foram liberados ou conseguiram escapar. Dois deles deixaram o local pela entrada da lanchonete e outro pela saída de emergência. Por volta das 4h15, duas mulheres deixaram a cafeteria.
Segundo a ABC Austrália, a polícia já identificou o suspeito e afirmou que ele era conhecido das autoridades. Sua identidade não foi divulgada.
A vice-chefe de polícia local, Catherine Burn, informou que os cinco reféns libertados foram avaliados por médicos para garantir que eles estão bem. Em seguida, eles seriam ouvidos pela polícia.
A imprensa australiana identificou uma das reféns como Elly Chen, funcionária do café. Ela aparece saindo correndo em fotos feitas no local. Outro refém que já deixou o local foi identificado como o advogado Stefan Balafoutis.
A polícia não confirma as identidades nem quantas pessoas permanecem rendidas. Ao que parece, não há feridos.
A emissora local Network 10 afirmou que duas reféns mulheres disseram que o sequestrador tem duas bombas plantadas em outros locais da cidade.
Nas primeiras horas do sequestro, imagens da emissora de TV Channel 7 mostraram pessoas com as mãos para o alto e uma bandeira negra fixada em uma vidraça da lanchonete com um texto em árabe no qual se lia "Não há outro Deus que Alá e Maomé é o mensageiro de Deus".
Informações da emissora de TV local davam conta de que existiam pelo menos 13 reféns no local. O gerente da Lindt na Australia, Steve Loane, disse ao site australiano "News.com.au" que entre 40 a 50 pessoas estavam dentro do café sob poder do sequestro, incluindo clientes e funcionários. A polícia não confirmou o número de vítimas.
O mesmo site diz ainda que o atirador afirma ter "dispositivos" espalhados pela cidade e exige falar com o premiê Tony Abbott em uma conversa transmitida ao vivo por uma estação de rádio.
De acordo com uma emissora local de televisão, o homem armado pediu que seja entregue uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI) e advertiu que quatro bombas estão escondidas na cidade.
A informação foi divulgada pela emissora "Channel 10", segundo a qual o homem armado teria conversado com dois reféns no café e teria apresentado duas demandas. A polícia não confirmou os relatos.
Também houve informações de que reféns fizeram contato pelas redes sociais. A polícia pediu que se isso ocorrer, as autoridades devem ser avisadas, por apenas elas devem negociar com o sequestrador.
Prédios ao redor do café foram esvaziados, dentre eles o Consulado dos Estados Unidos no país e também a Ópera House, principal ponto turístico da cidade, que cancelou suas apresentações até esta terça-feira (16).
Informações iniciais não confirmadas relatavam que um pacote suspeito estava no local. A polícia confirmou uma operação no Ópera House, mas não forneceu mais detalhes.
A polícia de Nova Gales do Sul disse que "os melhores negociadores do mundo" estão trabalhando para terminar o sequestro de forma pacífica
Reações
Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro disse que não estava claro se a invasão ao café tem motivação política, mas que há indicações disso. "Este é um incidente muito preocupante. Compreendo a preocupação e a angústia do povo australiano. Há pessoas que querem nos fazer mal. A violência só serve para assustar. A Austrália é um lugar pacífico", assinalou Abbott ao pedir aos australianos para continuar o dia com normalidade e, em caso de observar movimentos suspeitos, chamar as autoridades locais.
Na página oficial da Lindt Chocolate Cafe Austrália no Facebook, a companhia agradeceu o apoio e disse estar "profundamente preocupada com o grave incidente". "Nossos pensamentos e orações estão com a equipe e os clientes envolvidos e todos os seus amigos e famílias", diz o comunicado.
Mais de 40 grupos muçulmanos australianos condenaram a tomada de reféns. "Nós rejeitamos qualquer tentativa de tirar vidas inocentes de seres humanos ou de instilar medo e terror em seus corações", afirmam em um comunicado, que chama a tomada de reféns de "ato desprezível". As autoridades também expressam seu apoio e solidariedade para com as famílias das vítimas e dizem esperar uma solução pacífica para o caso.
Os grupos muçulmanos indicaram que a inscrição "não representa um posicionamento político, e sim reafirma o testemunho da fé do qual se apropriaram de maneira indevida indivíduos desorientados que não representam ninguém, exceto a si mesmos".
"Este ato desprezível serve apenas para as agendas daqueles que buscam destruir a boa vontade do povo da Austrália e para prejudicar e ridiculizar a religião do islã e os muçulmanos australianos", completa a nota.
Operação
Desde o início da ação, o premiê está reunido com o Comitê Nacional de Segurança para acompanhar a operação. Ao redor da área há mais de 20 homens de unidades especiais e cerca de 50 agentes e detetives à paisana e com coletes à prova de balas.
Ônibus que transitam pela região foram desviados. O espaço aéreo na região também foi bloqueado, de acordo com as autoridades de Aviação Civil e Segurança.
A Martin Place, praça onde fica o Lindt Chocolat Cafe, está localizada no centro financeiro de Sidney, onde fica também o escritório do primeiro-ministro, a emissora de TV Channel 7, o Reserve Bank of Australia e alguns dos maiores bancos do país. O Parlamento australiano fica a apenas algumas quadras dali.
O sequestro coincide com a detenção, em uma operação em separado, de um homem de 25 anos no noroeste de Sydney por supostos delitos por terrorismo. A detenção está ligada a um plano para realizar um ataque terrorista em solo australiano e a facilitação do deslocamento de cidadãos australianos para a Síria, segundo a imprensa local.
Em setembro, as autoridades australianas elevaram o alerta terrorista para 'alto', devido à possibilidade de possíveis ataques terroristas a cargo de uma só pessoa, pequenos grupos ou grandes organizações.
G1