A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte de uma vendedora de 34 anos após sofrer um mal estar dentro de um motel em Ribeirão Preto (SP). O corpo de Geize Almeida Favacho foi enterrado na manhã desta quarta-feira (15).Irmã da vítima, a dona de casa Roberta Favacho reclama que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) demorou 50 minutos para realizar o socorro, na madrugada de terça-feira (14), e que a equipe se negou a colocar a vendedora na ambulância porque era obesa.
Em nota, a Secretaria da Saúde informou que a única chamada ao Samu sobre o caso foi recebida às 5h19, com informação de crise convulsiva. “A ambulância chegou ao local em menos de 10 minutos, onde foi constatada a morte da mulher”, diz o comunicado.
Roberta reclama também que o corpo da irmã demorou para ser enterrado porque foi submetido a exame no Instituto Médico Legal (IML), depois a equipe médica da Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) no Quintino Facci II suspeitou de overdose como causa da morte.
A declaração de óbito emitida pelo IML, no entanto, indica que Geize morreu em decorrência de acidente vascular encefálico, edema agudo de pulmão, cardiopatia hipertensiva e obesidade mórbida. Não há citação sobre uso de drogas no documento.
“Eles falaram que, quando ela tinha dado entrada, fazia duas horas que o corpo estava em óbito. Eu questionei, falei que não existia isso, porque quando o corpo está em óbito, quem retira é o IML, e não o Samu”, alega a dona de casa.Ao G1, uma atendente do motel confirmou que Geize foi socorrida com vida no local.
Morte suspeita
Roberta conta que a irmã já havia sido diagnosticada com hipertensão arterial e sofreu um mal estar na segunda-feira (13). Durante a noite, Geize decidiu dormir com o namorado em um motel na Vila Brasil, onde uma prima delas trabalha.
“Ela saiu bem, disse que ia dormir no motel porque estava com dor de cabeça, queria descansar, como ela fazia toda semana. Eu falei com ela meia-noite, ela disse que estava bem, só um pouco cansada”, afirma.
Durante a madrugada, ainda segundo a dona de casa, Geize acordou o namorado dizendo que estava se sentindo mal e tomou o medicamento para baixar a pressão. Logo depois, os sintomas pioraram e o rapaz decidiu acionar o Samu.
“Ela deitou a cabeça no peito dele, disse que estava passando muito nervoso por causa de uns problemas em casa. Ela começou a chorar, ele tentou acalmá-la, mas quando viu que estava muito cansada, já ligou para a ambulância”, diz.
De acordo com Roberta, o cunhado relatou que o Samu demorou 50 minutos para chegar ao local. Além disso, as camareiras o ajudaram a colocar Geize na ambulância, porque a equipe médica se recusou, alegando que a paciente era obesa mórbida.
“Eu vou ao motel, porque eles têm câmeras [de segurança] e vou levar à polícia. O pessoal do motel disse que eles não quiseram nem encostar a mão nela para colocar na ambulância, que foram eles que pegaram”, afirma.
Consta no registro da Polícia Civil que Geize chegou à UBDS Norte sem vida “e com rigidez cadavérica”. O caso foi registrado como morte súbita sem causa determinante e será investigado pelo 2º Distrito Policial.
Do G1