As regiões Oeste e Noroeste Paulista sofreram um grande aumento nos casos de estupro no primeiro trimestre de 2018. Este tipo de crime vem se tornando cada vez mais comum, não só nos grandes centros brasileiros, mas também no interior dos estados.
O levantamento divulgado pela SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) abrange as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Presidente Prudente e mostra que em todas elas houve crescimento no número de registros.
De acordo com os números da pasta, em São José do Rio Preto, a polícia contabilizou 156 estupros em maiores e menores, superando o registro durante o mesmo período de 2017, quando houve 104 casos. O aumento é de 50% e o maior registrado na região.
Já na região de Presidente Prudente, o crescimento foi de 43%. Em 2017, nos primeiros três meses, foram registrados 44 crimes da mesma espécie, saltando para 68 registros feitos pela polícia durante o mesmo período deste ano.
Araçatuba foi a cidade que registrou o menor índice sobre casos de estupro, mas ainda assim com elevação. No primeiro trimestre do ano passado, foram 57 ocorrências, 74 casos registrados neste ano. Aumento foi de 29%.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
A delegada responsável pela DDM (Delegacia da Mulher) da cidade de Penápolis, Maria Salete Cavestré Tondatto, disse, em entrevista ao sbtinterior.com, que o agressor, muitas vezes, pode ser alguém próximo.
Ela explica que o estupro de vulnerável é aquele cometido contra menores de 14 anos, seja com o consentimento ou não, e que, na maioria das vezes, o abusador está dentro da mesma casa que a criança e o adolescente. Pode ser o pai, avô, tio ou até mesmo algum conhecido da família.
"É de grande importância que a família e até os professores da vítima mantenham-se atentos a possíveis sinais que a criança ou o adolescente pode dar, como mudança no comportamento, se ele se mantém afastado do estuprador ou com medo de ficar as sós com o indivíduo", disse.
Tondatto ressalta que, em alguns casos, algumas mães tentam esconder a violência sexual com medo do próprio agressor. Mas orienta que a denúncia seja feita com cautela, já que pode envolver pessoas inocentes.
"Qualquer pessoa pode realizar a denúncia, mas é preciso cuidado, já que uma acusação de estupro é algo muito forte e que pode destruir a vida de uma pessoa que possa vir a ser inocente", lembra.
RELATOS
A conselheira tutelar Tamiris Vito, que atua no Conselho Tutelar de Araçatuba, explica que o papel do órgão, nesses casos, é procurar uma maneira da criança ou o adolescente relatar o estupro.
"Após a denúncia, o conselho acompanha a vítima até a delegacia para fazer um boletim de ocorrência e ir até o IML (Instituto Médico Legal) para realização de exames. Se o caso de estupro aconteceu dentro do ambiente familiar e o estuprador continua no local, imediatamente o Conselho busca algum outro membro da família que possa ficar com a vítima até que o caso seja investigado pela polícia".
Vito destaca, ainda, que a criança ou o adolescente só é encaminhado para um abrigo se não houver nenhum familiar que possa acolher o menor.
"Qualquer suspeita que possa surgir, a orientação é que os responsáveis não deixem de comunicar o caso ao Conselho Tutelar”.
ESTUPRO CONTRA MAIORES
Durante a entrevista, a delegada Maria Salete Cavestré Tondatto alertou, também, sobre os estupros sofridos por maiores de idade - em sua maioria mulheres.
Segundo ela, o primeiro passo a ser tomado é acionar a polícia e os órgãos de saúde.
"Sabemos que é difícil, mas muito importante que a pessoa que seja vítima deste crime não tome banho até a chegada da perícia, já que vestígios no corpo ou até mesmo resquícios de esperma podem ajudar a polícia a identificar o criminoso e provar o crime".
Salete alerta que é de extrema importância o comparecimento da vítima de violência sexual até uma unidade de saúde, já que imediatamente será fornecido um coquetel de medicamentos que pode evitar diversos tipos de doenças sexualmente transmissíveis.
“Orientamos que mulheres, principalmente, não andem sozinhas na rua, ainda mais no período da madrugada, onde o fluxo de pessoas é mínimo".
A pena para o crime de estupro pode variar de três a 30 anos de prisão, dependendo se o crime envolver penetração, for praticado contra menores de 14 anos ou até resultar na morte da vítima. (SBT)