A Citrovita, indústria de suco de laranja com sede em Matão, (34 quilômetros de Araraquara), demitiu 115 funcionários nos últimos cinco dias. Com isso, a cidade deve perder R$ 3 milhões em impostos.

Segundo a empresa, as previsões pessimistas em relação à próxima safra de laranja (2012/2013) motivaram a suspensão do processamento da fruta neste ano na unidade industrial de Matão.

Em razão disso, foram dispensados anteontem 70 funcionários dessa unidade, para os quais a empresa ofereceu, entre outros benefícios, uma assessoria na recolocação profissional.

A reportagem apurou, porém, que outros 45 foram demitidos na sexta-feita, em virtude do fim da safra de laranja. A empresa já teria avisado aos 77 funcionários restantes que serão demitidos em maio.

Fusão

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Matão informou que as baixas ocorreram em virtude da fusão da empresa com a Citrosuco, firmada em dezembro.

Segundo o presidente do sindicato, Nelson Joaquim da Silva, a empresa argumentou que a paralisação do processamento foi motivada por "falta de espaço para estocar a produção". "Estamos tentando reintegrar ao menos parte do pessoal, mas a empresa não aceita negociar", diz.

O sindicalista conta que a Citrovita ofereceu como benefício ao demitidos um mês de salário extra para quem tinha entre um e 10 anos de empresa. Para quem tinha mais tempo que isso, foram oferecidos dois meses de salário. Além disso, todos receberam três meses de vale-alimentação (R$ 525). O convênio médico será estudado caso a caso.

Silva diz ainda que pretende reunir-se com a diretoria do sindicato na manhã de hoje para definir um conjunto de propostas e tentar uma nova negociação com a empresa.

Arrecadação sofrerá impacto

De acordo com o secretário da Fazenda de Matão, Moacir Bertaci, a Citrovita recolhe um tributo denominado Índice de Quota Parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IQP/ICMS). O imposto é pago com base no lucro obtido sobre o valor pago pelos insumos (laranjas).

No ano passado, a soma de repasses do Governo do Estado do IQP/ICMS ao município somou R$ 54,9 milhões. Desse total, R$ 3 milhões (5,5%) foram recolhidos na unidade matonense da Citrovitta.

Bertaci admitiu ontem que a cidade "perde muito" com o fim das atividades da empresa, tanto em arrecadação como em empregos. Entretanto, o secretário aposta na vinda de 225 empresas, que vão ocupar um novo distrito industrial, para repor as perdas — em arrecadação e empregos — para cidade. "Com essas empresas, provavelmente, a receita vai equilibrar-se", diz.

R$ 3 milhões
É o valor que a Prefeitura de Matão deixará de arrecadar neste ano com impostos pagos pela Citrovita. Isso representa 5,5% do repasse estadual.

Fonte EPTV