O que deveria ser apenas um ensaio fotográfico deixou os católicos de Catanduva (a 388 km de São Paulo) em "estado de choque", nas palavras do representante da Igreja Católica na cidade.
Imagens de um homem seminu com asas de anjo feitas dentro da paróquia de são Domingos vão se tornar um processo na Justiça.
É o que garante Flávio Thomé, advogado da diocese. Segundo ele, sem qualquer autorização da igreja, modelos "invadiram" o local e foram fotografados com roupas íntimas pelo fotógrafo Márcio Costa.
"As fotos ganharam as redes sociais e deixaram todos em estado de choque. A comunidade católica se mostra atordoada", disse.
A diocese só soube da sessão de fotos depois que fiéis, indignados com a repercussão do "peladão" na internet, telefonaram para reclamar.
O modelo, que aparece apenas cueca, é cortador de cana, segundo o fotógrafo.
Para o advogado, a iniciativa é crime. "É o que diz o Código Penal, dos crimes contra o sentimento religioso. A pena varia de um mês a um ano de detenção ou multa. Mas temos que ter cautela para não causar incidentes maiores."
O fotógrafo, que trabalha na Prefeitura de Catanduva, disse que fez o ensaio --também no cemitério-- há mais de um ano. "Só agora notaram e decidiram polemizar."
Costa afirmou que as imagens seriam utilizadas em uma exposição chamada "Angels Dost", que ainda está em fase de produção.
Dela, fez parte também uma modelo mulher, que se vestiu de diabo. No cemitério, o modelo masculino aparece de costas e sem roupas --vestia apenas asas.
"Jamais pensei em denegrir a igreja. O objetivo era retratar a arte em pontos inusitados. Todos os cuidados foram tomados, não foi exatamente invadir e fotografar."
O advogado da diocese discorda. Ele diz que a igreja, utilizada como símbolo sagrado, jamais poderia ter sido desrespeitada. "O templo não é uma paisagem. Existe uma simbologia que precisa ser respeitada", afirmou.
O padre responsável pela paróquia, José Luiz Cassimiro, e o bispo de Catanduva, dom Otacílio Luziano, não falaram sobre o assunto.
A prefeitura também não se manifestou --alegou que o trabalho não tem ligação com o órgão público. A reportagem também tentou, mas não conseguiu localizar o modelo foco da polêmica com a igreja.
Da Folha de São Paulo