Em dificuldades financeiras, prefeituras da região cancelaram ou reduziram a programação do Carnaval. O cenário é agravado por atraso em repasse de verbas e irregularidades de escolas de samba, que não terão recursos públicos.
Cancelaram seus desfiles São Carlos e Barretos. Araraquara reduziu o evento e Ribeirão Preto atrasou os repasses de verbas.
Em Barretos, a prefeitura decidiu cancelar o desfile das oito escolas de samba depois de o prefeito Guilherme Ávila (PSDB), recém-empossado, afirmar que a situação econômica está "difícil" e que a administração não teria os R$ 350 mil necessários.
"Estamos sem dinheiro, a prefeitura está endividada e há outras prioridades. Nossa cidade tem buracos pelas ruas, há mato alto em praças, estamos sofrendo com a dengue [em dez dias, a cidade registrou 82 casos suspeitos]. Há questões mais urgentes."
De acordo com o prefeito, no entanto, haverá desfiles no ano que vem.
Já em Araraquara, o evento acontecerá somente em um dia, 9 de fevereiro --em anos anteriores, ocorreu em duas datas.
Além de menor, terá menos dinheiro: serão R$ 185 mil agora, ante os R$ 500 mil de 2012, redução de 63%.
"Enquanto muitas cidades cancelam, nós resolvemos realizar o evento", afirmou o secretário da Cultura, Renato Haddad.
Além de Barretos, a suspensão também acontece em São Carlos, mas porque a Liga das Escolas de Samba não fez a prestação total de contas dos repasses efetuados no ano passado, segundo Ney Vilela, coordenador de arte e cultura da prefeitura.
"Se fizermos o repasse neste ano, cometemos irregularidade. Nem toda a prestação de contas foi feita", disse ele, que alega não haver mais tempo hábil para organizar o evento.
De acordo com ele, na cidade o problema não é a crise financeira.
ATRASO
Apesar de prever um investimento maior em 2013, em Ribeirão Preto houve atraso no repasse de verba para as entidades carnavalescas.
O secretário da Cultura de Ribeirão, Alessandro Maraca, confirmou neste domingo (13) que houve atraso nos repasses para as escolas de samba, mas não soube dizer se ele foi reflexo da crise financeira.
"Não sei, não era secretário ainda", afirmou ele, que assumiu neste mês.
No ano passado, ficou acertado entre as escolas e a administração que seriam depositadas parcelas mensais de R$ 10 mil para as escolas, mas só houve um depósito, em setembro.
O restante foi pago somente no último dia 10, depois de pressão das diretorias das agremiações locais.
O custo do Carnaval do ano passado foi de R$ 480 mil. Neste ano, a estimativa de Maraca é que o gasto chegue a cerca de R$ 560 mil.
Já em Batatais, que tem o Carnaval de rua mais tradicional da região, o público não pagará ingresso neste ano, diferentemente dos anos anteriores --era a única cidade da região que cobrava a entrada no sambódromo.
Agora, quem quiser participar do desfile terá de doar um quilo de alimento.
Da Folha de São Paulo