O protesto marcado para a noite desta sexta-feira (21) em Ribeirão Preto, uma homenagem ao estudante Marcos Delefrate, morto após ser atropelado durante a manifestação na noite anterior, foi menor, mas não menos incisivo nas reivindicações. Escoltados pela Polícia Militar e por agentes da Transerp – empresa que gerencia o trânsito e o transporte público da cidade – os manifestantes percorreram cerca de cinco quilômetros. A caminhada começou no Theatro Pedro II e terminou no cruzamento da Rua Professor João Fiúsa e da Avenida José Adolfo Bianco Molina, local do atropelamento de quinta-feira.
Com cartazes e velas acesas nas mãos, cerca de 2 mil pessoas percorreram as ruas da cidade, segundo a Polícia Militar, ante as 20 mil calculadas na quinta-feira (20). De braços dados, o grupo iniciou a passeata pela Rua General Osório, passou em frente à Prefeitura, seguiu pelas ruas Cerqueira César e Lafaiete e marchou rumo à Avenida Independência.
O estudante Iago Felipe Conceição de Paiva, de 17 anos, amigo de Delafrate, participou da passeata logo após sair do enterro do jovem. Paiva estava com Delafrate na manifestação de quinta-feira, e falou da comoção do protesto em luto ao colega. "É muito difícil ver que seu amigo não vai mais voltar. É horrível que uma pessoa que foi em paz participar de um protesto tenha tido esse destino. Hoje [sexta-feira], ver as pessoas fazendo algo por ele é muito importante", diz.
Orações
No cruzamento da Avenida Nove de Julho com a Avenida Presidente Vargas aconteceu a primeira parada da multidão. Os manifestantes se sentaram no asfalto e oraram pelo estudante morto, atitude que foi repetida em outros dois momentos - um em outro ponto da mesma avenida e outro no local do acidente. Bares, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais no trajeto permaneceram abertos.
Em alguns momentos, o grupo gritava palavras de ordem como “Marcos, essa é para você”, em referência ao jovem, que foi enterrado no fim da tarde de sexta-feira em uma cerimônia acompanhada por cerca de 200 pessoas e pela cavalaria da PM. A artista plástica Iracilda Oliveira de Morais, de 68 anos, acompanhou o ato em homenagem ao estudante.
"Eu não o conhecia, mas chorei por ele. Esse menino é um herói. Na idade dele, eu era como ele, uma lutadora. É por ele que estou orando hoje. Os jovens têm que sair à rua, gritar e acabar com essa corrupção. Hoje estou com eles novamente, como estive muitas outras vezes quando era jovem", diz.
Na Rua Professor João Fiúsa, postes intercalavam laços pretos e brancos - em alusão ao luto pela morte do jovem e ao pedido de paz durante os protestos. Na chegada do cruzamento com a Avenida José Adolfo Bianco Molina, outro grupo de pessoas aguardava a chegada dos manifestantes. Juntos, todos se sentaram no asfalto e rezaram pela memória do estudante. Cartazes e flores foram deixados no canteiro da avenida junto às velas que os manifestantes carregaram durante o percurso. Após as orações, a multidão foi aos poucos se dispersando. Não houve registro de ocorrências durante o percurso, segundo a PM.
Os manifestantes que participaram do protesto nesta sexta-feira confirmaram novo ato para a próxima terça-feira (25). A concentração deve acontecer na esplanada do Theatro Pedro II, a partir das 17h.
Do G1