Profundidade da é equivalente ao comprimento de três ônibus de transporte coletivo
Problema começou a surgir no ano 2000, quando uma adutora passou a despejar água no local 24 horas por dia; clique para abrir galeria (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)
Uma voçoroca está ‘engolindo’ parte da zona rural da cidade de Cravinhos, a 20 quilômetros de Ribeirão Preto. A erosão, que começou a se formar no ano 2000 após a criação de dois bairros, já tem mais de 300 metros de extensão: a parte mais funda tem 32 metros de profundidade, algo que equivale ao comprimento de três ônibus. A cratera tem um diâmetro de 8 mil m².
Por causa do problema, no ano passado a prefeitura de Cravinhos encomendou um estudo à Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais. No material, assinado pelo geógrafos Vanderlei Ferreira e Gelze Serrat, foi constatato que, até 2000, não havia voçoroca, segundo as imagens de satélite.
No início da erosão existe uma adutora que despeja água 24 horas por dia. O líquido vem dos bairros Jardim Santa Cruz I e Jardim Botânico, loteados no ano de 1999. “No começo formou uma pequena erosão. Era possível até pular. Mas, com o tempo, ela foi crescendo”, disse o empresário Francisco Castilho, que tem uma fazenda ao lado do ‘buraco’.
No estudo da UFU foram encontrados coliformes fecais na amostra retirada da água que sai da adutora. A amostra, classificada como esgoto sanitário, cai no córrego Grande, que deságua no Ribeirão do Onça.
Grand Canyon
A reportagem esteve nesta quinta-feira (3), na prefeitura de Cravinhos. O engenheiro Edson Salomão disse estar ocupado e que só poderia explicar o caso hoje. Ele, porém, acha que a cidade pode tirar vantagem.
“O Grand Canyon [nos EUA, erosão de 446 km provocada pelo rio Colorado] é uma atração turística”, disse o engenheiro, antes de sair.
Caso tem ação e inquérito
Desde 2005, por conta da erosão, existe uma ação na 1ª Vara de Cravinhos. Carlos Raul Consoni, proprietário de outra fazenda vizinha à Voçoroca, pleiteia uma solução para o caso.
Em junho do ano passado, a Justiça determinou que a prefeitura de Cravinhos e a Estúdio Pointer Ltda. (ex-proprietária da área dos loteamentos) fizessem, em curto prazo, as obras necessárias para acabar com a voçoroca. O não cumprimento implicaria em multa diária de um salário mínimo.
O juiz Eduardo Young Abrahão ainda determinou que após o final da ação o autor seja indenizado por prejuízos que a situação ocasionou - o principal é a queda do valor das terras. A prefeitura e a empresa entraram com recurso e, por isso, os prazos foram suspensos.
Ministério Público
O Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), em Ribeirão Preto, também abriu inquérito por conta da erosão. Segundo informações obtidas nesta quinta, o caso depois passou ao Ministério Público de Cravinhos, com promotor Wanderley Trindade Júnior.
A reportagem tentou entrar em contato com Trindade, mais foi informado que ele se encontra em férias até o dia 18 de outubro.
Promessa de solução
A Construplan, responsável pela obra do loteamento, informou que está em contato com o Gaema para solucionar o problema. “Foi a própria empresa que detectou a erosão em 2010, tentando, dessa forma, solucionar o fato ocorrido”, disse a empresa, via assessoria.
“No entanto, está somente aguardando a liberação para assinatura do termo de compromisso entre os envolvidos (com a Prefeitura de Cravinhos e o Departamento de Estradas e Rodagem) para tomar todas as providências”, garantiu.
“A Construplan informa ainda que irá assumir todos os compromissos exigidos pelo Gaema e já apresentou o projeto de recuperação da área”, finaliza a nota.
Jornal A Cidade