Artur Paes, pai do menino Joaquim Ponte Marques, 3, durante velório em São Joaquim da Barra, na região de Ribeirão Preto
O menino Joaquim Ponte Marques, 3, cujo corpo foi encontrado no último domingo (10) no rio Pardo, em Barretos, era visto como "empecilho" pelo padrasto, o técnico em informática Guilherme Raymo Longo, 28, no casamento com a mãe da criança, a psicóloga Natália Mingoni Ponte, 29.
Essa foi uma das afirmações feitas por ela em depoimento nesta segunda-feira (11), de acordo com o promotor Marcus Tulio Alves Nicolino.
Mas não foi a única mudança de comportamento de Natália em relação aos primeiros dias do desaparecimento do menino. Ambos estão presos temporariamente --o lugar não é revelado.
Antes, ela dizia que tinha um bom relacionamento com o marido e que Longo se dava bem com o seu filho.
Já no domingo, ela afirmou que, motivado por ciúme, o marido a ameaçou de morte quando pediu a separação depois de descobrir que ele tinha voltado a usar drogas. Também pelo mesmo motivo, teria ameaçado jogar o filho do casal, um bebê de quatro meses, contra a parede.
O casal se conheceu em uma clínica de recuperação em Ipuã, onde Longo se tratava e Natália trabalhava.
No dia do desaparecimento do menino, há uma semana, Longo afirmou à polícia que saiu de madrugada para comprar drogas, mas voltou cerca de 15 minutos depois porque não encontrou o que procurava.
"Provavelmente a mãe se sentia intimidada pelo marido. Ela viu o corpo do filho e agora, mais segura, talvez decida fornecer mais informações", afirmou o promotor.
Segundo Nicolino, Longo culpava Joaquim pelos desentendimentos com a mulher. O garoto teria muita liberdade em casa, situação que não agradava o padrasto.
Três dias antes do desaparecimento do menino, o casal teve uma briga e Longo teria ameaçado se matar.
"[Longo] Disse que Natália, assim, ficaria com um pedaço do filho dele e um pedaço do filho do outro", disse o promotor, referindo-se ao pai do menino, o promotor de eventos Artur Paes.
DESCONHECIMENTO
O avô materno de Joaquim, Vicente Ponte, disse à Folha durante o velório do neto, nesta segunda, em São Joaquim da Barra, que, se soubesse que o genro usava drogas, teria levado a criança para morar com ele e a avó na cidade natal da mãe.
"Não sabia que ele usava drogas e não sabia como era o relacionamento deles [Natália e Longo]. Também nunca soube de agressões a Natália", disse Ponte.
O enterro foi acompanhado por 500 pessoas, segundo a PM.
Nesta segunda, ela prestou novo depoimento ao delegado Paulo Henrique Martins de Castro, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), na Seccional de Ribeirão Preto, cujo conteúdo não foi revelado.
A mãe e o padrasto são os principais suspeitos pela morte, segundo a polícia. Eles negam participação.