(Foto: Reprodução/Facebook)
Os médicos que atenderam a estudante Gabriela Zafra, de 16 anos, morta com suspeita de meningite após ser atendida por cinco vezes em três unidades de saúde de Ribeirão Preto (SP) foram afastados das funções. A confirmação é do secretário municipal da Saúde, Stênio Miranda, ao prestar esclarecimentos sobre a gestão e a estrutura da Saúde aos vereadores na noite de terça-feira (27). "É uma resposta à família e à população, e de cautela para os médicos."
Miranda disse suspeitar que a causa da morte de Gabriela foi meningococcemia, infecção generalizada provocada pela mesma bactéria que causa a meningite. A jovem sofreu uma parada cardíaca e morreu na madrugada do dia 16 de maio, dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), depois de ser atendida em três unidades de saúde e ser diagnosticada com caxumba, torcicolo, intoxicação alimentar e virose.
"Eu já achava que não era meningite. Depois, a forma como evoluiu, como iludiu os profissionais. O diagnóstico de meningite não é difícil, existem protocolos para isso, ela se manifesta com dor de cabeça e vômitos", disse o secretário, sem assumir que houve falha ou negligência por parte da equipe médica. "O erro que nós podemos apontar é de que é preciso maior humanização no atendimento, é preciso mais solidariedade."
Investigação
A Polícia Civil, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) investigam a morte de Gabriela. A Prefeitura também formou uma comissão técnica para apurar todas as condutas adotadas pelas equipes médicas que atenderam a adolescente. Miranda disse, no entanto, que não analisou os prontuários da vítima porque deseja que essa comissão tenha independência na investigação.
“Eu entendi que os documentos deveriam ficar a cargo da comissão técnica que eu nomeei para que eles pudessem trabalhar de forma imparcial e livre, sem que pairasse sobre ela qualquer suspeita de pressão da minha parte”, afirmou Miranda.
O secretário disse ainda que somente após a conclusão dos estudos feitos pela comissão técnica, a pasta avaliará a possibilidade de instaurar uma sindicância sobre o caso. “Não procuramos culpados, não queremos nesse momento apontar culpados, queremos rever procedimentos, atitudes e comportamentos. Se isso [a apuração] mostrar um culpado, ele será responsabilizado."
Médicos insuficientes
Na última sexta-feira (23), após um protesto de amigos e familiares de Gabriela na porta do Palácio Rio Branco, a prefeita Dárcy Vera (PSD) assumiu ao irmão da jovem que houve falha por parte da equipe médica que atendeu a adolescente. Dárcy determinou que fosse realizada uma pesquisa para identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos gerentes das unidades e também avaliar o nível de satisfação dos pacientes.
A crise na Saúde se arrasta desde o final do ano passado. Em janeiro, funcionários da Unidade Básica de Saúde Waldemar Barnsley Pessoa, no bairro Parque Ribeirão, suspenderem os atendimentos, protestando contra a falta de segurança no local. Menos de um mês depois, todos os servidores da pasta entraram em greve, depois que a redução da jornada de trabalho de 36 horas para 30 horas semanais foi suspensa pela prefeita por 180 dias.
Questionado pelos vereadores por exatas duas horas e vinte minutos sobre a estrutura da pasta, o secretário assumiu que não há médicos suficientes para atender à demanda de pacientes, principalmente nos casos de urgência e emergência.
“Nosso contingente não é suficiente, nunca foi para cobertura integral de todas as escalas. Tanto não é [suficiente], que todos sempre ouviram que não há médicos, tal lugar está sem plantonista, e etc. Além disso, os médicos submetidos a um regime continuo e intenso buscam com frequência desligar-se desse tipo de serviço, ou pleiteando outras vagas, ou até mesmo se desligando. Há uma rotatividade muito grande."
G1