PEQUIM - As mortes de seis idosos chineses foram motivadas pelas novas regras que proíbem enterros com caixão, de acordo com o jornal local "Beijing News Daily". Segundo seus familiares, eles teriam se matado para conseguirem ser sepultados. A partir de 1º de junho, o governo da cidade de Anqing, na província oriental de Anhui, ordenou que todos os mortos devem ser cremados.
A China tem uma tradição milenar de culto aos ancestrais que determina aos parentes a responsabilidade de enterrar seus familiares e construir os túmulos. No entanto, nos últimos anos, as sepulturas têm sido demolidas em diversas partes da China como parte de uma campanha nacional de incentivo a cremação. O objetivo é tentar economizar os recursos terrestres já limitados.
Diante da medida, funcionários do governo começaram neste mês a confiscar caixões, o que causou um impacto psicológico na população. O advogado chinês Zheng Daoli classificou as remoções dos caixões como ilegais porque eles eram propriedade de seus donos.
Zheng Shifang, de 83 anos, se matou após as autoridades serrarem seu caixão na frente dela, enquanto a chinesa Wu Zhengde, de 91 anos, se enforcou depois de saber das novas regras, segundo a imprensa. Outros idosos beberam veneno.
Em Anqing, os moradores gastam até uma década preparando seus caixões. A notícia da proibição dos enterros só foi divulgada em abril, dois meses antes da nova regulamentação entrar em vigor. O governo local disse à imprensa que os suicídios não estavam ligadas à proibição do enterro e que as pessoas tinham desistido de seus caixões de forma voluntária.
Em outros lugares da China, as autoridades locais lançaram campanhas para diminuir as sepulturas, como forma de criar a terra para a agricultura. Na província central de Henan, 400 mil túmulos foram destruídos em 2012, segundo a imprensa local.
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