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Mulher perde bebê e acusa médico de cobrar R$ 1,5 mil por cesárea no SUS
Notícias Região
Publicado em 16/07/2014

Uma mulher de Araraquara (SP) acusa um médico do Sistema Único de Saúde (SUS) de oferecer serviço particular de cesárea por R$ 1,5 mil durante uma consulta. A prática, que viola o código de ética médica, será investigada em uma sindicância da Prefeitura. A paciente também denuncia mudança no atendimento após recusar a oferta. No parto, feito na maternidade Gota de Leite, os médicos perceberam que a criança estava morta. O médico negou as acusações.
 
De acordo com a mulher, que preferiu não se identificar, foram feitos todos os exames que os médicos pediram, mas no oitavo mês de gestação ela se surpreendeu quando o obstetra do posto de saúde da Vila Xavier disse que ela teria que pagar para agendar uma cesariana. 
“Disse que esse valor era à parte. Que eu tinha que pagar para ele verificar quanto era o valor do hospital e da anestesista. Ele falou que na Gota de Leite eles esperavam parto normal e perguntou se eu queria esperar o normal ou queria a cesárea.  Eu respondi que queria cesárea e ele falou que esse era o valor cobrado”, explicou.
 
Valores
Os valores, segundo a paciente, foram anotados pelo médico no cartão da gestante. O total seria dividido em R$ 800 para fazer a operação, R$ 400 para um auxiliar de enfermagem e R$ 300 para um pediatra.
“Eu assustei porque eu sabia que não ia ter esse valor para pagar. Fui atrás do hospital, mas já era outro valor também, mais R$ 1,4 mil. Aí eu já não tinha o valor e deixei quieto, continuei fazendo o pré-natal normal”, relatou.
Ainda de acordo com ela, depois de recusar a proposta, o obstetra deixou de fazer pedidos de exames. “Eu só ia lá, ele ouvia o coração e media a barriga. Não pediu mais ultrassom e não fez encaminhamento para a Gota nem quando eu estava com 40 semanas”.
No parto, os médicos perceberam que a criança estava morta. “A gente só quer saber o que aconteceu. Deixar ela sofrendo do jeito que ficou lá”, afirmou o pai, que também preferiu não se identificar.
O Conselho Federal de Medicina não comentou o caso, mas enviou uma nota em que cita o código de ética médica. O artigo 64 diz que o médico é proibido de agenciar, aliciar ou desviar para clínicas particulares, pacientes do SUS ou usar a rede pública para fazer procedimentos médicos em clínica privada. O órgão ainda destaca que denúncias têm que ser feitas no Conselho Regional de Medicina do estado.
 
Médico nega
No Centro de Saúde, onde atende pelo SUS, o médico conversou com a reportagem do Jornal da EPTV e negou as acusações. Ele disse que só faz partos particulares quando a paciente pede. O médico também explicou que o ultrassom só é feito normalmente até a 32ª semana de gestação e negou que tenha atendido a paciente de forma inadequada.
Prefeitura investiga
O secretário de Saúde de Araraquara, Álvaro Martins Guedes, já abriu uma sindicância pra investigar o caso. “Tem que ser feita uma averiguação mais cautelosa tendo em vista a situação do profissional. Não há nada na vida pregressa dele que seja um problema para nós ou que tenha uma consequência grave anterior. Então, temos que ter todo o cuidado. O cuidado com a pessoa que teve essa perda e com o profissional que esteve responsável nesse processo. O SUS cobre todos os custos e não há necessidade de pagamento do usuário”, ressaltou.
A sindicância tem prazo de 30 dias para ser concluída e pode ser prorrogada por mais 30. As denúncias de irregularidades no atendimento médico podem ser feitas na Secretaria de Saúde pelo telefone (16) 3301-1700 ou diretamente ao CRM pelo telefone (11) 5908-5600.
 
G1
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