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Mortandade de abelhas compromete safra e causa prejuízos em Leme, SP
Notícias Região
Publicado em 23/07/2014

Produtores de mel de Leme (SP) viram nos últimos dias o agravamento de um problema que se alastra desde o ano passado: a mortandade de abelhas. Desta vez, os transtornos acontecem antes da florada da Laranjeira, a mais esperada do ano. Ao menos dez deles perderam 200 colmeias desde janeiro. Os prejuízos, em alguns casos, ultrapassam os R$ 15 mil. Para a Associação dos Apicultores da cidade, os agrotóxicos usados nas plantações são os causadores das mortes. O órgão disse que vai comunicar a questão à Casa da Agricultura da cidade.
 
Segundo o presidente da associação, Antonio Tadeu Pereira, os produtos químicos usados principalmente em plantações de cana-de-açúcar e laranja costumam atrair os insetos. Depois do corte, a cana libera um melado que serve de alimento para as abelhas. Já quanto aos pomares de laranja, elas são atraídas por causa do néctar das flores. Os apicultores acreditam que a contaminação acontece em um desses dois processos.
 
"Sempre que há corte em cana começa a mortandade de abelhas. Com a pulverização nas laranjas, é a mesma coisa. Qual produto está sendo aplicado eu não sei, mas que as abelhas estão morrendo, isso estão. E a probabilidade de ser devido aos inseticidas é grande", disse Pereira.
Prejuízos
No apiário de Ovílson Santos, nem mesmo a abelha rainha resisitiu. Nesta terça-feira (22), o produtor encontrou mais um enxame sem vida. Desde o começo do ano quase 300 mil abelhas morreram. Das 20 colmeias, apenas sete sobraram. A produção, que chegava a 3 mil quilos por ano, despencou.
 
"Inclusive nesse ano eu não vou ter mais a produção que seria na florada da laranja, em setembro. As abelhas estão muito debilitadas, morrendo aos poucos. O apiário está diminuindo praticamente à metade e a produção já caiu 60%", contou.
 
Já Pedro de Souza, dono de outro apiário, disse que a safra de 2014 está comprometida. "Perdi 59 colmeias, 37 morreram e as outras estão contaminadas. Um prejuízo de mais de R$ 15 mil. Não tenho mais como exportar", citou.
Problema antigo
Não é a primeira vez que apicultores da região enfrentam esse tipo de problema. No ano passado, mais de 4 milhões de abelhas morreram em apiários de Gavião Peixoto (SP). Um laudo confirmou que a mortandade foi provocada por agrotóxicos. Em 2012, mais de um milhão de abelhas morreram pelo mesmo motivo.
 
Apiários de Brotas e Tambaú (SP) também acumularam perdas em anos anteriores. Há pouco mais de três anos, Leme passou pela mesma situação. Para o apicultor Marcelo Lopes, a questão merece uma atenção maior dos comerciantes. "Deveria ter um controle melhor e uma conscientização maior de quem vende esse produto. Muitas vezes, quem compra e aplica (os agrotóxicos) não sabe o estrago que está causando", comentou.
Já Pereira lembrou que os prejuízos não são restritos à produção de mel e também atingem os derivados, como própolis, geleia real e cera. Por conta disso, ele vai comunicar o problema à Casa da Agricultura de Leme.
 
G1
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