A Polícia Civil e a Prefeitura de Jaboticabal (SP) vão investigar a morte de dois bebês, antes do parto, ocorridas na semana passada. As mães eram atendidas pelo Hospital e Maternidade Santa Isabel, a Santa Casa da cidade. O delegado Oswaldo José da Silva afirma que irá aguardar os laudos com as causas das mortes para apurar se houve responsabilidade dos médicos que atenderam as pacientes. A Secretaria Municipal da Saúde defende a conduta dos profissionais, mas informa que um processo administrativo será aberto para investigar os casos.
A primeira morte foi registrada na quarta-feira (16). A mãe da criança, Érica Cristina da Silva, afirma que estava sendo acompanhada semanalmente no hospital. Na terça-feira anterior (8), ela diz ter feito um ultrassom e pedido para que a cesárea fosse marcada, mas, segundo ela, foi aconselhada a fazer o parto normal. Oito dias depois, ao voltar à maternidade, ela recebeu a informação que o bebê estava morto. “Estava tudo pronto, só esperando o bebê. Aí, chego lá e fico sabendo que ele tinha morrido. Nos primeiros dias depois, eu nem conseguia dormir no meu quarto, porque via as coisas do bebê”. Cômoda, berço, carrinho e roupas, que ela havia comprado, foram doados.
O segundo caso é o da técnica em radiologia Damares Silva Alegre. O marido, Sidney Talma, afirma que levou a mulher à maternidade na última quinta-feira (17). Segundo ele, Damares desconfiava que a gestação já tivesse ultrapassado 41 semanas, diferente das contas do médico, que seriam de 39. Ela alega que queria a cesárea, mas teria sido alertada a voltar para casa. No domingo, o bebê teria parado de mexer. Levada por uma irmã novamente ao Santa Isabel, foi submetida a um ultrassom, que constatou ausência de batimentos cardíacos do feto.
Laudos
Os corpos dos dois bebês foram encaminhados ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de Ribeirão Preto. Os laudos ficam prontos em 30 a 60 dias. “Em uma das declarações de óbito que tenho aqui, consta que faltou oxigenação no cérebro da criança. Isso pode ocorrer devido a vários fatores. Então, precisamos aguardar o laudo para saber se há alguma responsabilidade no atendimento”, diz o delegado Oswaldo José da Silva.
Embora admita ter fumado durante toda a gravidez, Érica não acredita que o fato tenha relação com a morte do filho. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra”.
Secretaria da Saúde
A conduta dos médicos que atenderam as gestantes foi defendida pela secretária da Saúde de Jaboticabal, Renata Assirate. Ela declara que o Ministério da Saúde recomenda que os partos sejam normais. “Tínhamos, no passado, um grande número de cesáreas, e isso não é o ideal”, diz. Renata informa, ainda, que, apesar dessa orientação, a Prefeitura pretende abrir um processo administrativo para apurar se o que foi relatado pelos médicos condiz com as informações dos exames feitos nas gestantes e dos laudos com as causas das mortes dos bebês.
Ainda de acordo com a secretária, as cesáreas são feitas apenas em casos de indicação médica, o que não ocorreu com as duas mulheres de Jaboticabal. “Elas não estavam ainda em trabalho de parto e estavam dentro do tempo de gestação normal. Por isso, não foi feita a cesárea.”
Renata diz também que, com frequência, o hospital oferece cursos para orientar as futuras mães sobre o parto normal. “Em nenhum momento, elas ficam sem atendimento médico”.
G1