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Cantor de 'Bomba' virou decorador: 'Fazer sucesso é fácil, difícil é manter'
Música
Publicado em 26/08/2014

A mesma bomba não estoura duas vezes, por mais poderosa que seja. Essa poderia ser uma lição de guerra, mas é o resumo da carreira do baiano Mano Moreno. Treze anos após o hit único "Bomba", o ex-Braga Boys de 39 anos abandonou o "movimento bem sensual" e criou uma empresa de decoração de interiores junto com a esposa.
 
Mano Moreno é um dos nomes do especial “One hit wonders” do G1. Eles contam a experiência de ter um sucesso só. Levantamento da empresa Crowley mostra que estes músicos figuraram apenas uma vez no "top 100" anual de rádio do Brasil entre 2000 e 2014.
"Eu costumo falar que fazer sucesso não é difícil. Talvez seja até mais fácil que a gente imagina. O difícil é manter", diz. Manoel Messias dos Santos Filho, o Mano Moreno, saiu do Braga Boys em 2003. Ele chegou a ficar por três anos no Terra Samba, mas hoje está afastado dos projetos musicais - canta apenas em festas e eventos corporativos.
Sertanejo x axé
O domínio do sertanejo e a queda do axé é o principal fator que dificulta um novo estouro, segundo Mano. "O sertanejo dominou, tomou espaço do axé. Na época do 'boom' do axé, de cinco bandas na TV, quatro eram da Bahia. Hoje é o contrário. São quatro de sertanejo, e talvez tenha uma da Bahia. Poucas bandas de axê têm mídia, assim fica difícil. Entendendo isso, parti para outro processo", explica.
 
Passado bombado
"Bomba" é versão da música "La bomba", que em 2000 era hit na América Latina e na Europa com o grupo boliviano Azul Azul. A Sony Music investiu em uma regravação em português. Mano costumava aparecer à frente do trio, completo por Glauber e Capitão América. "Fomos morar em São Paulo para ficar próximos da grande mídia. Foram três meses divulgando. Um dia acordamos e a música estava estourada. Não acreditamos", recorda.
"Até hoje a música é sempre lembrada. Foi um hit que marcou uma geração, as pessoas não esquecem", diz Mano sobre "Bomba". No entanto, em 2003, ele se viu insatisfeito. "Tinha muito show, muita mídia e o retorno financeiro para mim não era bom. Meu contrato com o Braga Boys estava vencendo e eu saí para tentar algo novo."
 
Banda 'vendida' por mais de R$ 100 mil
Também em 2003, o Braga Boys mudou de "dono". O empresário Rodolfo Leite diz ao G1 que comprou o direito de uso do nome da banda por mais de R$ 100 mil. Atualmente, ele gerencia o grupo sem nenhum membro original e com menos sucesso (veja o site). A banda que chegou a vender um milhão de cópias, segundo Mano, hoje luta para marcar shows.
Os projetos seguintes de Mano também não vingaram. Ele tentou trabalhar com o grupo de dançarinos Troupe Dance. Não deu certo. Uma banda com Beto Jamaica, do É o Tchan, também não foi para frente. O maior destaque foram três anos no Terra Samba, no lugar do vocalista mais conhecido, Reinaldo, até 2012. Depois disso, Mano desencanou da música.
 
'Bomba' deu casa e tranquilidade
"Resolvi cuidar de minhas coisas. Além de músico sou designer. Minha esposa é engenheira. Então criamos a empresa de decoração de interiores MM4." O casal não tem filhos. Mesmo reclamando de "retorno financeiro" da época dos Braga Boys, Mano admite que os direitos pela execução de "Bomba" garantiram sua tranquilidade. "O apartamento em que moro, minhas coisas, tudo veio de 'Bomba'. Não vou dizer que rasgo dinheiro, mas vivo bem."
Ele diz ter convite para voltar à música, mas não se anima. "O mercado está difícil. Há poucos artistas emplacando grandes sucessos." Mano compara os Braga Boys a uma cantora que despontou junto deles. "Claudia Leitte teve uma carreira muito bem administrada. Projetaram a carreira dela para 10, 15, 20 anos. Nós não. E ainda erramos na segunda música de trabalho, 'Baile do gorila'. Tinham outras melhores. Aí perdemos o 'timing'", lamenta.
 
G1
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