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Estiagem afeta produção e qualidade da laranja, gerando prejuízo na região
Notícias Região
Publicado em 19/09/2014

A estiagem que atinge o Estado de São Paulo está causando prejuízos para trabalhadores da colheita e produtores de laranja de Araraquara (SP) e região. Por conta da altas temperaturas, a quebra na produção pode chegar a 30%, segundo estimativa do Sindicato Rural da cidade. O tamanho dos frutos também foi afetado, o que colaborou ainda mais para a baixa produtividade.
 
De acordo com presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, o excesso de sol impede que as frutas atinjam o tamanho adequado, além de queimá-las. A previsão inicial para a produção na temporada 2014/2015 era de 20% de crescimento, mas ela não se concretizou. “Sem água nada cresce. O produtor vai precisar de mais laranjas para preencher uma caixa e terá a produtividade afetada”, afirmou o citricultor.
 
Ainda assim, segundo Viegas, há quem esteja sendo beneficiado pela situação. “As grandes indústrias têm vantagens com isso, pois a fruta pequena é mais concentrada e o número de frutos por caixa aumentou para alcançar os 40,8 quilos que a compõe”, explicou. No caso de laranjas em fase avançada de desenvolvimento, a seca faz com que o fruto perca água e fique com mais sólidos solúveis, o que favorece a indústria.
A Associtrus acredita que o clima será responsável pela quebra na safra de laranja no Brasil e deve reduzir ainda mais os estoques de suco de laranja no país, o maior exportador do fruto no mundo.
 
Estiagem
Nicolau Freitas, presidente do Sindicato Rural de Araraquara, explica que o plantio da laranja na cidade foi afetado nos primeiros meses, momento de crescimento da fruta. Por conta do baixo índice de chuvas nos meses de janeiro e fevereiro, as plantas foram atingidas na fase de crescimento, o que resultou em frutas murchas, pequenas e queimadas em setembro, mês da florada.
 
Na esperança do fim da estiagem, alguns produtores atrasaram a colheita. Ainda assim, os frutos não se desenvolveram bem. “Para que os frutos crescessem de forma correta, seria preciso instalar um sistema de irrigação que custa em torno de R$ 60 mil. A produção fica mais cara. Diante dessa situação, a produção do ano que vem também estará comprometida”, explicou Freitas.
 
Produtores como José Valter Pereira, de Pirassununga (SP), tiveram um prejuízo considerável no plantio da laranja. Segundo ele, apenas parte do custo de produção está sendo pago. “A situação está desesperadora”, destacou o produtor.
 
Sem chuvas
Em Aguaí (SP), o citricultor Antônio Carlos Simoneti possui uma fazenda com 400 mil pés de laranja. Em parte do pomar do agricultor as folhas das laranjeiras estão ressecadas e muitos dos frutos já caíram mesmo antes de serem colhidos. “Nossa estimativa é de colher 500 mil caixas em um ano. Devido a falta de chuva a queda foi de 20%”, pontuou Simoneti.
 
No ano passado, o município registrou 1250 milímetros de chuva. Em 2014, o número foi quase 4 vezes menor, tendo 300 milímetros no mesmo período. Para regar a fazenda em que trabalha, Antonio Moacir Júnior contava com 2 açudes. Hoje, um deles está com o nível 80% abaixo da capacidade, o que diminui a irrigação dos pomares para garantir a pulverização das frutas. “Teríamos que irrigar 50% da propriedade, mas nossa área regada é de 20%”, pontuou o agrônomo.
 
Já Eduardo Pires, outro citricultor da região, escolheu reduzir o tempo de irrigação das plantas. “Antes era de 3h. Hoje é de 30 minutos em alguns dias. Em outros não ligo a irrigação”.
 
Carlos Roberto Martins trabalha na propriedade de Pires, onde a colheita também começou com atraso, fazendo com que ele ficasse mais tempo parado. “Fica difícil para a gente, pois quanto mais tempo trabalharmos na colheita melhor. Quando o tempo fica assim dificulta tudo”, esclareceu Martins. A colheita da laranja na região de Aguaí deve terminar em dezembro.
 
G1
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