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Grupo de 35 mil morsas se reúne em costa do Alasca
Mundo
Publicado em 01/10/2014
Morsas do Pacífico que não conseguem encontrar mares congelados para descansar no Ártico estão chegando em número recorde em uma praia no noroeste do Alasca. Cerca de 35 mil delas foram fotografadas no sábado (27) a cerca de 8 quilômetros de Point Lay, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês).
 
Point Lay é uma aldeia esquimó Inupiat a 480 quilômetros a sudoeste de Barrow e a 1.100 quilômetros a noroeste de Anchorage.
 
O imenso encontro foi avistado durante o levantamento aéreo anual de mamíferos marinhos, disse por email a porta-voz Julie Speegle. O levantamento é realizado juntamente com o Departamento de Administração de Energia Oceânica, a agência que supervisiona locações em alto mar.
 
Andrea Medeiros, porta-voz do Serviço para Peixes e Vida Marinha dos EUA, disse que as morsas foram vistas pela primeira vez em 13 de setembro, e que tem se aproximado e distanciado da costa. Observadores avistaram na semana passada cerca de 50 carcaças de animais que podem ter morrido durante uma debandada, e a agência afirmou que irá reunir uma equipe para realizar necropsias e determinar a causa das mortes.
 
“Eles irão recolher (os corpos) na próxima semana”, disse.
 
A reunião de morsas em praias é um fenômeno que tem acompanhado a perda de mares congelados no verão graças ao aquecimento do clima.
 
As morsas do Pacífico passam os invernos no Mar de Bering. As fêmeas dão à luz nos mares congelados e usam o gelo como plataformas de mergulho para alcançar caracóis, moluscos e vermes na parte rasa continental.
 
Diferente das focas, morsas não conseguem nadar sem parar e precisam descansar. Elas usam suas presas para se “rebocarem” ou se arrastarem para em direção ao gelo e as pedras.
 
À medida que as temperaturas se elevam no verão, as margens dos mares congelados recuam para o norte. Fêmeas e suas crias percorrem as margens dos mares congelados até o Mar Chukchi, o curso de água ao norte do Estreito de Bering.
 
Nos últimos anos, os mares congelados têm recuado para além das águas rasas do continente e em direção às águas do Oceano Ártico, onde as profundidades excedem os três quilômetros e as morsas não conseguem mergulhar até o fundo.
 
Morsas em grandes grupos foram avistadas pela primeira vez no lado norte-americano do Mar Chukchi em 2007. Elas retornaram em 2009 e, em 2011, cientistas estimaram haver 30 mil morsas ao longo de um quilômetro de praia perto de Point Lay.
 
Animais jovens são vulneráveis a debandadas quando um grupo se reúne de forma tão próxima em uma praia. Debandadas podem ser provocadas por um urso polar, caçadores humanos ou um avião voando baixo. Carcaças de mais de 130 morsas, em sua maioria jovens, foram contadas após uma debandada em Icy Cape, no Alasca, em 2009.
 
A ONG World Wildlife Fund diz que as morsas também estão se reunindo em grandes grupos no lado russo do Mar Chukchi.
 
“É outro sinal notável das dramáticas mudanças de condições ambientais como resultado da perda dos mares congelados”, diz Margaret Williams, administradora do programa do grupo para o Ártico, por telefone de Washington. “As morsas estão nos dizendo o que os ursos polares nos disseram e o que muitas populações indígenas nos disseram no alto Ártico, que é o fato de o ambiente no Ártico estar mudando extremamente rápido e de que é hora de o resto do mundo tomar conhecimento e também agir em relação às causas das mudanças climáticas”.
 
Neste verão, a maré baixa anual do mar congelado foi a sexta menor desde que começou o monitoramento por satélite, em 1979.
 
G1
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