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Pais acusam funerária de enterrar bebê sem autorização em Ribeirão
Notícias Região
Publicado em 16/10/2014

Os pais de um bebê morto dois dias após o nascimento acusam uma funerária de Ribeirão Preto (SP) de enterrá-lo sem autorização. O eletricista João Pereira de Araújo e a mulher, a dona de casa Estela Cardoso alegam que o filho foi sepultado sem que nenhum parente estivesse presente. Após uma ordem judicial, o corpo do menino foi exumado nesta quarta-feira (15), já que havia a suspeita de que o corpo enterrado não era o da criança.
O superintendente da Funerária Ideal, Mário Piran, informou que a empresa seguiu o procedimento padrão.
A família da criança estuda mover um processo contra a empresa.
 
João Pedro Cardoso Araújo nasceu no dia 6 de outubro, no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto. Segundo a família, devido a um problema no pulmão, a criança não resistiu e morreu no dia 8 de outubro. O pai da criança afirma que procurou a Funerária Ideal para contratar o serviço de sepultamento - sem a realização do velório.
Estela conta que o marido fez o contrato e combinou um horário simbólico, já que eles não tinham a informação sobre o horário em que o corpo do menino seria liberado pelo hospital. “Meu filho foi liberado lá do HC às 11h30, mais ou menos. Aí eles só ligaram para o meu esposo às 12h55 dizendo que o nenê já estava liberado. O pessoal chegou aqui [no cemitério] entre 13h20 e 13h30, mas já tinha enterrado”, lembra a mãe.
Segundo João, o bebê foi enterrado às 13h06, no Cemitério Bom Pastor, seis minutos depois do horário combinado de maneira informal, e sem a presença de nenhum familiar. “Não deu tempo nem de a gente fazer uma oração para a criança”, afirma.
Inconformada, a família registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e procurou um advogado. João e Estela afirmam que temiam que o corpo enterrado não fosse o do filho ou que ele nem tivesse sido enterrado.
 
A dúvida, no entanto, acabou nesta quarta-feira, quando o corpo da criança foi exumado, após pedido encaminhado pelo advogado do casal, Daniel Rondi, à Justiça. “A gente estava preocupado em saber se o nenê estava ali ou não, para a gente poder ficar em paz. Foi tudo muito rápido. A gente estava com uma dor muito grande. Não estava nem dormindo direito. A sensação agora é de paz”, relata Estela.
A mãe da criança ainda revelou que, embora tivesse sido avisada do impacto da exumação, preferiu acabar com a dúvida. “Me assustou ter que fazer isso, mas na minha cabeça eu preferia ficar em paz que ficar toda a vida me questionando. Eu preferi enfrentar”.
A defesa do casal alega que houve descaso da funerária. “Temos a certeza que não houve crime, mas houve a confirmação de um descaso por parte do agente funerário que sepultou sem o mínimo de empatia dos pais. Um agente que marca um sepultamento para às 13h, avisa a família cinco minutos antes, e não espera esses familiares chegarem, isso demonstra rigidez de coração. E para isso nós vamos buscar a tutela do judiciário para um possível dano moral”, afirma Rondi.
Ainda segundo o advogado, o descaso com os familiares foi tão grande, que a informação passada à administração do cemitério era de que o bebê não tinha família. “O cemitério recebe uma guia de sepultamento e, com isso, eles podem permitir o sepultamento. O que a gente tem de informação dos administradores é que foi questionada a situação, mas foi justificado por esse agente que essa criança não teria familiares”, alega.
Procedimento padrão
Procurado, o superintendente da Funerária Ideal, Mário Piran, informou que a empresa seguiu o procedimento padrão. “Eles estavam com o contrato, marcado o sepultamento para às 13h, o qual eles assinaram quando fizeram a contratação do serviço e nós cumprimos com o horário. A gente não faz sepultamento, quem faz é o cemitério e nós cumprimos com os horários pactuados”, afirma.
Ainda de acordo com Piran, os pais foram avisados antecipadamente sobre o horário do enterro. “Se a família quisesse alterar o horário, ela teria que fazer demanda, procurar a funerária e alterar o horário. Mas uma vez que não teve essa procura, a funerária veio e disponibilizou o corpo para o cemitério fazer o sepultamento.”
 
G1
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