Robôs que jogam futebol, fazem simulações de resgate e até dançam podem ser vistos na maior feira de robótica do Brasil, realizada até esta quarta-feira (22), na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. A Joint Conference on Robotics and Intelligent Systems (JCRIS) ocorre no salão de eventos e no ginásio de esportes do campus I. No total são 12 competições e 170 equipes diferentes.
Entre os projetos em exposição está o de automação residencial, voltado principalmente para pessoas portadoras de deficiências. Por meio de um smartphone ou tablet, o usuário é capaz de controlar pontos como a abertura e fechamento de janelas e portas, a iluminação e a temperatura da casa mesmo a quilômetros de distância.
Os robôs também fazem parte de uma competição de dança, acompanhados de alunos. Na terça-feira (21) foram apresentados projetos como uma versão robótica do artista Rick Martin dançando uma música da banda Menudos.
Há robôs que são programados para interagir com pessoas, o que aumenta a aplicação em áreas pedagógicas. O sistema az contas, conversa, dança e até dá as mãos.
Futebol de robôs
Na modalidade esportiva, os robôs simulam uma partida de futebol contra uma equipe adversária. Ao todo, são três competições simultâneas: Campeonato Brasileiro, Torneio Latino Americano e Olimpíada de Robótica.
As máquinas detectam o gol por meio de um sistema de orientação (que pode ser uma bússola, detecção de cores ou ultrassom) e a bola por meio de uma luz infravermelha. Além disso, as máquinas, com formatos que lembram humanos ou automóveis também se restringem as posições em campo como goleiro ou atacante. As jogadas feitas pelos robôs para roubar a bola do adversário ou marcar gols dão realismo ao jogo.
Os alunos Alessio Caetano, Pedro Henrique Herculano, Thiago Verçosa e Carlos Pontes integram uma equipe de Olinda (PE) no futebol. O mais novo dos membros tem 9 anos e o mais velho 14.
“Somos de escolas diferentes, mas estudamos robótica como opcional com o mesmo professor. Foi ele quem sugeriu aos colégios que montassem uma equipe que unisse as duas instituições para participar da competição desde ano”, contou Caetano.
A equipe começou a montar o time (que consiste em um robô goleiro e um robô atacante) a partir de dois kits de peças, compostos pelo processador (ou cérebro), sensores e motores. A máquina deve ser montada de acordo com as funções que deve cumprir. Algumas peças tiveram que ser adaptadas pelos próprios alunos.
O professor Paulo Marcelo Fontes, que uniu a equipe, afirmou ser gratificante poder introduzir a juventude ao mundo dos robôs.
“A robótica desenvolve o raciocínio lógico. Além de trabalhar na prática temas abordados em sala de aula, as crianças vêem a oportunidade como forma de realizarem alguns sonhos de construir brinquedos que estão um passo além dos normais”, contou.
Resgate em situações de risco
Outra modalidade competitiva, o Rescue (Resgate), consiste na simulação de um cenário no qual tenha havido um acidente com vítimas.
O trabalho dos robôs é percorrer um tipo de labirinto que nunca tiveram acesso antes e resgatar as pessoas. Os robôs se locomovem pela estrutura identificando pontos em que a temperatura esteja elevada (o que indica a presença de uma vítima) e despejam kits de primeiros-socorros ou piscam luzes para demonstrar a identificação de pessoas na posição.
Os alunos do ensino médio Ariovaldo Capuano Neto, de 16 anos, e Manuela Rodrigues, de 17, participam pela primeira vez da modalidade. Ambos fazem parte de um clube de robótica e foram responsáveis por montar o robô de forma integral.
“Os robôs são mais importantes do que se pensa, já que são capazes de alcançar lugares que os humanos não podem chegar. Em uma situação como essa de resgate é fundamental que se corra o menor risco possível. Com um robô, podemos eliminar a chance de um bombeiro ficar ferido ou acabar perdendo a vida em um acidente. Além disso, os robôs não podem se machucar, o que faz deles muito mais tolerantes à situações de risco do que nós”, explicou Capuano.
G1