Tardia, mas ainda indispensável, a contratação de funcionários temporários é esperada da segunda quinzena de outubro até o mesmo período de novembro este ano para dar conta da demanda de Natal e Ano Novo, na maioria das empresas. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), 163,6 mil vagas serão criadas, no comércio e na indústria, com este fim. Entre tantos estabelecimentos, o quadro Sua Chance destacou o exemplo de uma rede de lojas que espera ter 300 novos colaboradores no período e transformar 50% em efetivos, mesmo diante de uma realidade econômica que interferiu no comércio.
A necessidade do mercado em 2014 foi afetada pelo quadro do país, com desaceleração na economia, avanço da inflação e alta dos juros, por exemplo, e resultou num crescimento de apenas 1% na geração de emprego temporário em relação a 2013, conforme aponta a pesquisa. Daí as contratações, que costumavam começar em setembro, estarem acontecendo mais tarde. Nas 24 lojas de calçados e acessórios de uma rede que abrange Campinas (SP) e região, o número de vagas abertas para temporários este ano é 20% menor do que em 2013 por esse motivo, segundo o gerente Marcos Lopes. "Foi um ano ruim para as vendas, e foi geral no comércio", afirma.
Apesar disso, a chance de experimentar novos profissionais nas vendas de fim de ano deu ao gerente uma perspectiva diferente e bem distante de qualquer pessimismo que tenha restado dos últimos meses. "Mesmo com menos funcionários, esperamos um crescimento de 5% nas vendas em relação ao ano passado", conta esperançoso. Só na região de Campinas 22 mil ofertas de trabalho temporário estão sendo criadas, de acordo com a Associação Comercial e Industrial da cidade (Acic).
Os números da pesquisa, encomendada pela Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) e pelo sindicato da categoria do estado de São Paulo (Sindeprestem) mostram, ainda, que cerca de oito mil profissionais devem ser convidados a entrar para o quadro efetivo das empresas. O número representa 5% do total de vagas ofertadas no país, uma expectativa bem menor do que a de 2013, que foi de 12%. Mas, na rede de lojas de Campinas o índice é bem mais alto. Lopes afirma que a intenção é aproveitar metade dos temporários. "Muitas pessoas se destacam e aproveitamos para substituir pessoas do nosso quadro, até porque já prevemos que algumas saiam", explica.
Falta gente para trabalhar nos fins de semana
O otimismo do gerente Lopes não esconde uma preocupação: a dificuldade de recrutar pessoas que aceitem trabalhar nos finais de semana. Para o diretor regional do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Sindeprestem), Luiz Simões, os empregadores precisam pensar em contrapartidas para os candidatos a essas vagas para.
"Os empregadores precisam pensar em benefícios, contrapartidas que o funcionário temporário terá por trabalhar aos sábados e domingos. Ele precisa destacar a grande chance de efetivação nesses casos. E o trabalhador precisa se preocupar em cumprir as metas de vendas para ter direito à contrapartida", explica o diretor.
Chance de primeiro emprego e média de salários
O levantamento prevê que, do total de vagas, 24,5 mil sejam destinadas a interessados com idades entre 18 e 24 anos. "São muitas oportunidades de conseguir o primeiro emprego", afirma Simões. O diretor destaca, ainda, as principais qualidades buscadas pelos empregadores. "A pessoa precisa ser dinâmica, simpática, atender bem os clientes, ter jogo de cintura, tem que saber se colocar e focar na produtividade", ensina.
O comércio será responsável por oferecer 70% das oportunidades, com média salarial de R$ 1.024. Entre os cargos com maior demanda estão vendedor, estoquista, caixa e empacotador. Os outros 30% das vagas ficam com a indústria, com salário médio de R$ 1.298 e contratações na área de auxiliar de produção.
Direitos
Os direitos dos trabalhadores temporários são semelhantes aos dos efetivos, como registro em carteira profissional, férias e 13º proporcionais, seguro contra acidente descanso semanal remunerado e vale-transporte. Ao término do contrato, esse profissional não precisa cumprir aviso prévio e não há multa de FGTS, mas o empregado pode sacar o valor dos depósitos.
Em julho deste ano, a lei do trabalho temporário teve uma mudança no tempo de duração desses contratos, que podem ser estendidos por até nove meses. Mas a alteração só pode ser aplicada em casos de afastamento do funcionário titular por licença maternidade ou INSS. No caso de aumento de demanda de serviço por causa de datas festivas, como Dia das Mães, das Crianças, Natal e Ano Novo, os contratos são de três meses prorrogáveis por mais três, no máximo.
G1