O prefeito de Barrinha (SP), Mituo Takahashi, conhecido por pintar os prédios públicos da cidade de vermelho, com suposta alusão ao PT, foi expulso do partido após apoiar candidatos do PSDB durante as eleições deste ano. Segundo o diretório municipal do PT, Katiá, como é chamado, cometeu infidelidade partidária por apoiar uma legenda da oposição. Procurado pela reportagem do G1, o chefe do Executivo não foi encontrado para comentar o caso.
“Ele tirou fotos com candidatos a deputado federal, estadual e a governador que não faziam parte da coligação do PT, eram todos do PSDB”, afirma o secretário-geral do Diretório Municipal do partido em Barrinha, Alcides Ignácio de Barros Filho. “É uma falta grave o que ele cometeu aqui, então o diretório e a comissão de ética municipal consideraram que não havia condição dele permanecer no partido”, diz.
Segundo o secretário-geral, o que Katiá fez foi campanha e cometeu erro grave, segundo o estatuto do partido. “Ele entregou panfletos, foi para a rua, participou de cafés da manhã com os candidatos, botou adesivo no peito de apoio a outros candidatos que não eram PT, foi uma falta grave”.
Em um panfleto divulgado pelo diretório municipal, o prefeito de Barrinha aparece ao lado dos candidatos a deputado federal Duarte Nogueira e deputado estadual Roberto Engler, ambos do PSDB. Segundo o material, a opção de voto nos dois seria para "o bem de Barrinha".
Procurados pelo G1, Engler afirmou em nota que não comentaria o caso "por se tratar de assuntos internos de outro partido", e Nogueira não retornou às ligações da reportagem.
Diretório estadual
Após a decisão de excluir o prefeito do PT municipal, tomada no início de outubro, o processo de expulsão foi encaminhado ao diretório da macroárea de Ribeirão Preto e ao partido estadual, que analisam a situação.
Segundo o assessor da Secretaria de Organização do partido em São Paulo, Edson dos Santos, o prazo para Katiá recorrer já se excedeu e o diretório estadual deve discutir o assunto no final de semana. “Vamos dar conhecimento à comissão estadual sobre o que aconteceu e nosso entendimento inicial é de que houve problemas e o PT municipal tomou a providência necessária”, afirmou.
Se o político for expulso do PT de São Paulo, o diretório do partido em Barrinha considera entrar na Justiça para requerer o mandato de prefeito. “O cargo é do partido, não dele, vamos requerer assim que tivermos a decisão estadual”, disse o secretário-geral Barros Filho.
Entretanto, o diretório estadual não considera essa possibilidade. “A questão é política e quem o elegeu como prefeito foi a população, não o PT, mas é a Justiça Eleitoral quem vai analisar isso, se eles entrarem com o pedido”, afirmou o assessor do PT-SP.
Prédios vermelhos
Em agosto deste ano, o prefeito Mituo Takahashi foi obrigado a repintar todos os prédios públicos do município que foram tingidos de vermelho desde o início de seu mandato.
A medida foi resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público e a Prefeitura, após denúncias de que a pintura dos locais faria alusão à cor do Partido dos Trabalhadores (PT), legenda a qual pertence o chefe do Executivo.
Na época, a Prefeitura negou que a cor escolhida para a pintura dos prédios teria sido proposital e que fazia qualquer referência ao partido. Segundo a administração, a tinta vermelha era a única disponível no almoxarifado na época.
G1