Um protesto por segurança na entrada do Distrito de Taquaral, em Rincão, fechou a Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), que liga São Carlos e Ribeirão Preto, por quase duas horas nesta quinta-feira
Um grupo de 20 moradores chegou ao local por volta das 8 horas e colocou fogo em pneus instalados na pista para evitar a passagem de veículos. Caminhão, carros e ônibus tiveram que retornar e pegar as vias de acesso à Rodovia Antônio Machado Sant'Anna (SP-255) para seguir viagem.
Os manifestantes decidiram se unir depois que um jovem motociclista de 22 anos morreu em um acidente no trevo de acesso ao Distrito, no final de semana. Eles pedem um dispositivo mais seguro, com a instalação de um viaduto para os pedestres, que também correm risco ao atravesssar a pista.
O trevo da SP-318 é o único acesso ao bairro de Taquaral. "Estamos inseguros, nos sentimos esquecidos aqui. Queremos melhorias na sinalização, lombadas eletrônicas, um viaduto", diz a dona de casa Alessandra dos Santos Valentim, de 34 anos.
Ela formava o grupo de homens e mulheres que levou cartazes ao local com inscrições de "Luto", "Eu fui vítima", "Chega de morte" e "Viaduto Já". "Ficamos preocupados porque meus filhos passam aqui diariamente para ir para a escola", fala a doméstica Aline Aparecida da Silva, que é prima dos jovens envolvidos no acidente. Um deles foi arremessado e morreu na hora. O outro está internado em estado grave, sem chances de vida. "Ele e o irmão vinham nos visitar quando aconteceu essa tragédia. Um deles continua internado, mas o médico não deu esperança de vida. Minha avó é idosa, está sofrendo muito. É revoltante perder alguém da família dessa forma", completa.
Organizador da manifestação, o comerciante Francisco José Patico de Souza, 47, diz que os cerca de três mil moradores do Taquaral estão cansados dos acidentes, de três a quatro por mês. Apesar disso, a maioria da população tem medo de se manifestar e ser presa ou constrangida. "Já tínhamos a intenção de fazer algo, mas esse acidente nos chocou e viamos para a rodovia. Os rapazes faziam parte da minha família.
Morador do Taquaral há 5 anos, Patico tinha a intenção de ficar na via até que os pneus queimassem por inteiro, o que levaria até por volta das 10 horas. O grupo chegou a impedir a passagem de dois carros da viatura que seguiam para Taquaral fazer controle de vetores no bairro, alegando que ninguém morreria de dengue por esperar mais uma hora.
No entanto, por volta das 9h30, o major Robson Douglas, coordenador operacional do 3º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, deu ordem para um caminhão da AutoVias, concessionária que administra o trecho, apagar as chamas e tirar os pneus da pista, pondo fim à manifestação. Alguns dos integrantes do protesto se postaram diante do caminhão, que não parou. Mesmo as mulheres foram empurradas da frente do veículo para que ele tivesse passagem.
Em meio ao tumulto, Patico foi detido, segundo o major, pelos crimes de incêndio, impedimento de trânsito em rodovia, desobediência e dano ao patrimônio público e foi levado à delegacia de Rincão. O manifestantes prometeram um novo protesto no local, mas assim que a viatura saiu em direção à cidade os ânimos se acalmaram. Duas ou três pessoas acompanharam Patico na delegacia. Ele foi ouvido pelo delegado Antonio Carlos dos Santos e assinou termo circunstanciado de dano ao patrimônio público, que, no entanto, só poderá ser comprovado com laudo pericial (Araraquara.com)