Um caseiro que mora em um sítio no Bairro Gramadão, em São Miguel Arcanjo (SP), conta que viveu momentos difícieis durante o vendaval que atingiu a cidade no sábado (16). Marcelino Corrêa, de 46 anos, teve a casa derrubada e acredita que o que atingiu a cidade no fim de semana foi mais do que uma ventania. “Vi a formação do tornado a alguns metros e depois ele vindo em direção da minha casa. O barulho era muito grande e a força do vento assustadora. Minha companheira, a filha dela e eu resolvemos sair de casa porque eu sabia que o tornado iria derrubar tudo. Vi de perto e sobrevivi", diz o caseiro.
O Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet), da Unesp em Bauru (SP), não confirma o fenômeno da natureza. O instituto analisou um vídeo feito por um morador da cidade que fez o registro de longe. Nas imagens é possível ver uma nuvem no formato cônico (Veja acima).
Além de tornado, outra hipótese é de que trata-se uma nuvem funil. A meteorologista Zildene Pedrosa, do IPMet, explica que a nuvem funil é formada a partir das fortes nuvens de chuvas. Quando o vento vem da parte de cima para baixo, é que forma o vento forte. Se a nuvem tocar no chão, é considerado vendaval. Se não tocar, é classificado como nuvem funil.
Corrêa relatou, em entrevista ao G1, o que aconteceu durante o fenômeno. "Lá fora no gramado, a criança de 8 anos e eu ficamos deitados e, graças a Deus, só fomos atingidos por pedras, mas levemente. Já minha companheira chegou a ser erguida pelo vento e jogada na cerca de arame e cortou o braço”, conta.
Ainda segundo Corrêa, a ventania durou poucos segundos. “Demorou alguns minutos até chegar a minha casa, mas a passagem foi muito rápida, cerca de uns três segundos. Nessa hora não quis ver nada, só deitei com medo até de morrer. Aí quando levantei vi que a casa estava no chão”, afirma.
Segundo ele, o prejuízo deve chegar a mais de R$ 5 mil. “Perdi geladeira, televisão, DVD, todos os móveis, meu carro quebrou o vidro e ficou amassado. Praticamente fiquei só com a roupa do corpo. Mas, graças a Deus, estamos todos bem. Fica só o prejuízo material. Pelo menos terei história para contar aos meus netos, porque antes disso só tinha visto essas coisas pela TV”, diz.
O caseiro está na casa de um irmão em Itapetininga (SP), enquanto a mulher de 40 anos e a filha estão em uma casa própria dela, também em Itapetininga. Côrrea pretende voltar ainda esta semana, para tomar conta do sítio. “Vamos construir a casa novamente, porque meu chefe precisa de um caseiro."
Fenômeno da natureza
O IPMet não confirma a passagem de um tornado no trecho por falta de provas que atestem o fenômeno. Além de derrubar a casa do caseiro Marcelino Corrêa, o vendaval ainda destelhou casas no Bairro Gramadão e Pocinho.
Após analisar o vídeo a meteorologista Zildene afirma: “A nuvem parece com a de um tornado, mas, para constatarmos, teríamos que ter uma estação meteorológica localizada na região de São Miguel Arcanjo e não temos. Até então, não há registro da velocidade do vento para confirmar se foi um tornado”, informa.