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Fiquei sem ação, relata jornalista agredido ao filmar acidente em Matão
Notícias Região
Publicado em 12/08/2016

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O jornalista que foi agredido quando fazia imagens de um acidente em Matão (SP), na quarta-feira (10), contou ao G1 que, em 17 anos de profissão, nunca havia passado por uma situação como esta. “Por duas ocasiões ele me deu um mata-leão, apertou muito forte, senti meu pescoço estralar. Fiquei sem ação porque ele não deixava eu respirar. Foi terrível”, relatou Beto Garcia, de 53 anos.

O repórter registrou um boletim de ocorrência contra Herbet Jardim, de 33, filho da vítima do acidente. Ele negou a agressão e disse que apenas empurrou e tentou pegar o celular do jornalista.

Garcia sofreu ferimentos e passou por exame de corpo de delito. “Estou usando colete cervical, pois sinto muita dor no pescoço, atrás da cabeça e na coluna. O aperto foi muito forte. Estou afastado do trabalho”, relatou o repórter da TV Matão, que mora em Taquaritinga.

Danos
O jornalista disse que prestará depoimento na próxima segunda-feira (15) e que vai processar Jardim por agressão e danos morais. “Eu até perdoo ele, mas vai ter que se desculpar na Justiça e pagar pelos seus atos. Os advogados da empresa já estão se movimentando para que ele seja processado”, disse.

Jardim afirmou ao G1 que se arrependeu pelo momento de nervosismo. “Sou humildade e vou pedir desculpas pessoalmente, acho que eu poderia ter tomado outra atitude. Mas acho que a atitude dele também foi errada ao expor as minhas fotos em redes sociais, jornais, falando que eu agredi ele e quase quebrei o pescoço dele. Não fiz nada a não ser dar um empurrão e tentar tomar o celular para não expor a imagem do meu pai porque ele é empresário aqui em Matão”, relatou.

Mata-leão
Corretor de imóveis, Jardim disse que luta kickboxing há 3 anos, mas que não aplicou nenhum golpe no jornalista. “Pratico esporte, mas não é para brigar. Meu mestre ensinou que quem luta não briga na rua. Eu não dei um mata-leão nele. Mas tem oportunistas que aproveitaram para difamar a minha índole e da minha família”, declarou.

O jornalista discorda. “Ele me levantou, a intenção dele ou era me jogar de cabeça no chão, ou me jogar dentro do Rio São Lourenço. Eu sou fã do MMA, conheço esses golpes, ele tentou me tirar do chão para me dar um golpe. Se não fosse as pessoas que estavam por perto, eu estaria ferrado”, afirmou Garcia.

O acidente
Jardim contou que o pai dele, de 65 anos, estava em uma moto pela Avenida São Lourenço quando foi fechado por um veículo e cai. O motorista não parou para prestar socorro. Garcia gravava a movimentação quando o corretor de imóveis chegou e mandou as pessoas se afastarem. “Meu irmão ligou e disse que o resgaste estava demorando um pouco para chegar. Hoje, as pessoas querem filmar tudo em vez de ajudar ou acionar o socorro”, contou Jardim.

No vídeo feito por Garcia é possível ver o momento que ele se irrita e parte para cima do jornalista quando percebe que ele está gravando. O repórter tenta explicar que é jornalista, mas isso não acalma o rapaz. Nervoso, o corretor grita para que o jornalista apague as imagens. Moradores que estavam por perto para socorrer a vítima do acidente tentaram acalmar o filho dele.

Reação
Segundo Garcia, toda a ação durou cerca de 4 minutos. “Tem gente que pede para não fazer imagem, a gente não faz porque todos se conhecem em cidade pequena. Tanto que eu estava focalizando de um ângulo para não identificar a vítima, a gente tem costume de fazer isso. O interessante é mostrar a situação, o atendimento que recebe, e era o que eu estava fazendo. Não esperava aquela reação”, declarou o jornalista.

O motociclista sofreu algumas escoriações, foi atendido no Pronto-Socorro e liberado. Segundo o filho, ele sente dores, levou pontos na mão, nos pés e no braço por conta do tombo. “Graças a Deus não aconteceu nada de grave com ele. Agradeço as pessoas que ajudaram o meu pai”, disse.

Jardim afirmou que não tem nada contra o trabalho de jornalistas, mas que não queria exposição da família. “Fiquei um pouco alterado por conta do acidente, mas eu não sou esse monstro como postaram. Fui julgado, humilhado e recebi muitas mensagens ofensivas. Também vou atrás dos meus direitos”, afirmou.

Em relação à passagem pela polícia por lesão corporal, Jardim disse que o caso aconteceu há mais de 10 anos e que agiu por legítima defesa quando um vizinho tentou agredir a família dele. (G1)

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