Depois de dez dias de mobilização no País, sendo uma semana em Araraquara, boa parte dos mais de 1.300 motoristas espalhados em dois postos da Rodovia Washington Luis (SP-310) já deixam a cidade iniciando o fim do movimento. Vários motoristas que estavam no Posto Bambina já deixaram a cidade. No Posto Morada do Sol a maioria permanece, mas sem tanta motivação para lutar. A organização tenta manter os colegas por mais dois dias com uma série de justificativas políticas.
Um dos motoristas disse ao ACidadeON que está fora de casa há mais de um mês e cansou. O estopim aconteceu com a passagem de motoristas liberados de um ponto em Santa Gertrudes e parados em Araraquara. Eles pedem para seguir viagem. O movimento que também seguia em um posto às margens da Rodovia Antônio Machado Santanna (SP-255) foi desmobilizado. No Posto Bambina uma boa turma deixou o movimento e pegou a estrada. À reportagem, os caminhoneiros admitiram não ter mais condições físicas para permanecer e não visualizam possíveis mudanças no cenário político e econômico que faça valer o esforço.
Com discurso emocionado e criticando as emissoras de TV, Emerson Luis Peleteiro, um dos líderes dos caminhoneiros na cidade, está pedindo aos colegas que fiquem mais dois dias. Para tanto, citou que a Câmara dos Deputados estaria perdida em meio a mobilização dos motoristas espalhados pelo País. Ele chegou a citar o respeito aos moradores de Araraquara que lotaram o posto às margens da Rodovia e hoje marcaram novo movimento em apoio aos trabalhadores responsáveis por boa parte do transporte de cargas desenvolvido no País.
"Estamos aqui lutando e o povo fazendo fila para abastecer", disse um dos motoristas enquanto olhava colegas já circulando pela principal Rodovia que corta Araraquara. Outro caminhoneiro, de São Sebastião da Grama, acredita que a proposta do Governo é fraca, mas ele não vê possibilidade de mudança em curto prazo. A carga dele era perecível e estragou. Discursando no caminhão, outro motorista defendeu o movimento. "Manda eles (motoristas) comerem gasolina", esbravejou o caminhoneiro. Outro, ao lado do filho pequeno criticou que deixou a greve.
Pesquisa feita pela DataFolha com 1500 pessoas revelou que 87% dos entrevistados são a favor da greve. São contrários 10%, enquanto 2% se dizem indiferentes e 1% não souberam opinar. Na internet um dos internautas disse que "os caminhoneiros foram heróis. Infelizmente, a maioria da população perdeu, em minha opinião, uma das maiores chances de melhorar o Brasil". Outros afirmavam que o "Governo os venceu pelo cansaço".
Uma moradora de Araraquara também disse: "Que triste saber que eles fizeram isso em vão. O brasileiro tinha a faca e o queijo na mão, mas preferiu fazer fila em postos. Isso desmotiva qualquer um que queira lutar". Assim como mais uma internauta: "Estou imensamente orgulhosa de vocês. Mas pensem em vocês e suas famílias. Não é justo que o sacrifício ocorra só de um lado". Na internet, o apoio é geral. Para alguns motoristas o apoio é bacana, mas seria melhor se ele fosse real e não virtual.
Ontem à noite, um ato reuniu centenas de pessoas no Posto Morada do Sol, às margens da Rodovia Washington Luis (SP-310), em Araraquara. Além dos caminhoneiros, que seguem em paralisação, muitas pessoas se organizaram nas redes sociais e foram até lá para se manifestar em apoio à causa. Hoje, novo encontro estava marcado, mas agora deve ser cancelado.
Muita gente também questiona sobre o gás de cozinha. Muitos araraquarenses estão fazendo a via sacra em busca de gás, mas as distribuidoras da cidade estão sem estoque desde a sexta-feira passada. Por ora, sem data pra chegar.
Já a Prefeitura de Araraquara voltou a avaliar os impactos da mobilização dos caminhoneiros em todo o Brasil na prestação dos serviços públicos. Até hoje, todos os atendimentos essenciais estarão mantidos. Os supermercados também sofrem com o desabastecimento. O Ceasa está há uma semana sem receber nenhum alimento. (Cidadeon)