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OAB pede investigação sobre trote em que alunas juram não recusar tentativa de coito de veterano
Notícias Região
Publicado em 07/02/2019

coito

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que pedirá às autoridades de Franca que apurem “eventuais responsabilidades” em relação ao trote em que calouras do curso de medicina fazem juramento de “nunca recusar a uma tentativa de coito de um veterano”.

 

Em nota, a 13ª Subseção da OAB manifestou "repúdio a qualquer ato de violência física, moral ou psicológica perpetrados em face dos alunos recém admitidos e informa que oficiará as autoridades locais, bem como a sobredita Universidade, para que apurem eventuais responsabilidades em seus respectivos âmbitos."

O Ministério Público já instaurou um inquérito para investigar as medidas adotadas pela Universidade de Franca (Unifran) em relação ao caso. O promotor Paulo César Correa Borges classificou o trote, aplicado na segunda-feira (4), como ato machista, misógino e sexista.

A Unifran informou que também está apurando o caso e tentando identificar os estudantes envolvidos para que sejam punidos, conforme previsto no Regimento Geral da Universidade – a penalidade pode variar desde uma simples advertência, até a expulsão dos alunos.

O caso ganhou repercussão depois que um vídeo foi divulgado em redes sociais na internet, mostrando alunos ajoelhados em uma rua, com os corpos pintados com tinta e as roupas rasgadas, e repetindo uma espécie de juramento, que é lido em voz alta por um universitário.

“Juro zelar por suas reputações, mesmo que eles sejam desprovidos de beleza (...). Juro solenemente nunca recusar a uma tentativa de coito de um veterano ou de uma veterana, mesmo que eles cheirem a ‘cecê’ vencido e elas a perfume barato”, diz o texto.

Em outro áudio divulgado, um grupo de calouros também é incitado por um veterano a fazer o seguinte juramento: “(...) e prometo usar, manipular e abusar de todas as dentistas e fazer [inaudível] que tiver oportunidade, sem nunca ligar no dia seguinte”.

A Associação Atlética Acadêmica Doutor Ismael Alonso Y Alonso, o Centro Acadêmico Tomás Novelino e o Núcleo de Apoio Escutamos, Lutamos e Acolhemos reconheceram o "cunho ofensivo do discurso" e informaram que estão "tomando providências" sobre o assunto.

"Estamos trabalhando todas as entidades estudantis e alunos para que isso não ocorra novamente. Pedimos desculpas a todas que se sentiram ofendidas, em especial à odonto Unifran e Facef pelos comentários infelizes citados nessa tarde", diz nota enviada.

As entidades negaram, porém, que o juramento repetido pelos calouros tenha sido escrito por representantes delas, mas informaram que o texto será reformulado, destacando que o caso "necessita atenção e atitudes imediatas".

"Junto ao grupo de apoio às mulheres e à comunidade LGBTQ+ do nosso curso, nos propomos a reformular o juramento feito durante o trote de forma que não venha ferir nenhuma pessoa em qualquer aspecto", finaliza o comunicado.

Polêmica
O trote aos calouros do curso de medicina foi aplicado nesta segunda-feira, primeiro dia de aulas da instituição. Assim que os vídeos foram publicados nas redes sociais, causaram revolta e geraram polêmica. Diversas instituições de proteção à mulher reagiram contra o ato.

Em nota, o Conselho da Condição Feminina de Franca manifestou repúdio, afirmando que a “cultura machista” não pode ser considerada brincadeira e destacando que um trote em que meninas fazem coisas humilhantes e são colocadas como objeto sexual é inaceitável.

“Esse grupo de estudantes envergonha nossa cidade e, claramente, essa Universidade de tanto prestígio. Se aproveitam do fato de que jovens universitários, em momento de festa e descontração, se sujeitem a situações deploráveis como essa”, diz o comunicado.

Repúdio
A Associação Atlética Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo da Unifran também informou que não compactua com "nenhum tipo de manifestação machista, opressora e discurso de ódio", e que tais atos "não serão tolerados de forma alguma nos trotes realizados pelos veteranos".

Em nota, a Associação Atlética Acadêmica Dionísio Vinha (AAADV) informou que repudia todo e qualquer tipo de opressão e atitudes machistas, e se posicionou contra o que classificou como "machismo mascarado".

"Um dos princípios básicos que norteiam uma pessoa é, sem dúvida, o respeito! O mesmo se adquire através de educação, que vem de berço. Infelizmente, não são todos que têm esse privilégio", diz o comunicado.

A associação atlética do curso de direito também informou que repudia "qualquer prática que ofenda a integridade física, moral e psicológica dos novos alunos, bem como ações que culmine constrangimento e os exponha de maneira vexatória". (G1)

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