Pássaros sofridos e que perderam as patas e os bicos devido a acidentes, são resgatados e ganham uma nova chance de voltar à natureza. Para recuperar a sobrevivência das aves, a médica veterinária especializada em ortopedia animal, Maria Ângela Panelli Marichó, faz a reconstituição das partes atingidas dos bichos com próteses de resina plástica em uma clínica em Barretos.
A vontade de ajudar as aves é para oferecer uma vida mais confortável a elas, segundo a médica veterinária. “Eu fico imaginando que estamos invadindo o local deles, com aquelas construções maravilhosas, com bastante vidro ou uma parede branca, e eles não enxergam tudo isso. Ou seja, aquele local que estavam acostumados a passar é interrompido de repente por uma parede de vidro, aí eles arrebentam os bicos, quebram as asas e tudo mais”, diz.
A médica veterinária que, há um ano, já salvou cerca de 10 pássaros explica que a prótese é praticamente um implante dentário. O produto à base de polimetilmetacrilato (Pmma) endurece rápido, de três a cinco minutos. O molde é feito na mão para garantir um efeito mais confortável e flexível ao animal.
Após a confecção, fios de aço são implantados no osso da ave para dar mais firmeza. A cirurgia para a colocação da resina demora aproximadamente duas horas. “O produto é totalmente confiável. Depois que a resina endurece nós fazemos as limas rotativas para dar o acabamento do bico, para ficar mais confortável possível”, afirma.
Ainda de acordo com Maria Ângela, a durabilidade da técnica é de, em média, cinco anos, para a ave que se alimenta de sementes. Já para o pássaro que só come carne, o bico pode durar a vida toda.
Animais resgatados
Os animais que ganham os implantes são encaminhados pela Polícia Ambiental e por Organizações não Governamentais (Ong's).
O presidente de uma Ong que cuida de aves em situações de resgate, abandono e maus tratos, Paulo Roberto Martins, contou com a ajuda da médica veterinária para dar uma nova vida ao gavião Rambo.
O animal foi encontrado dentro de um galinheiro com o bico quebrado e sem uma pata. "Acredito que o gavião desceu no galinheiro para pegar um pintinho, uma presa, para se alimentar, e como lá tinha galo, galinhas, ele não conseguiu decolar. Então, as outras aves acabaram o machucando", comenta.
Para o presidente da Ong de aves, Rambo é considerado um guerreiro por estar vivo. “Ele perdeu uma batalha, mas a guerra não vai perder não, porque, já está se alimentando sozinho e agora é questão de tempo para se adaptar com a prótese da patinha. Não tem dinheiro que pague o prazer de ver uma ave que, por minutos, poderia já estar em decomposição ou teria virado comida de algum outro animal, então a gente faz de tudo”, afirma.
Outro pássaro que recebeu uma nova vida foi um papagaio que nasceu com problemas no bico. Antes da implantação de resina, ele só comia papinha. Hoje, a ave se alimenta de sementes e vive como se nada tivesse acontecido.
“A ave usa muito o bico para se locomover e para comer. Então, tem que ser uma forma que ela fique, realmente, incrustada no bico. Por isso, utilizamos os implantes metálicos”, comenta. “É vida nova para a ave, mais conforto, com certeza”, completa a médica veterinária.
EPTV