O governo de São Paulo deve regredir regiões do estado para fases mais restritivas do plano de flexibilização econômica.
Com piora nos indicadores de Covid-19, a reclassificação do plano, prevista para ocorrer em 5 de fevereiro, foi antecipada e será feita no início da tarde desta sexta (15).
Pela regra, as antecipações só ocorrem se há necessidade de impor medidas mais restritivas por conta do agravamento nos índices de saúde.
A expectativa é a de que as regiões de Marília passe a ficar na fase mais restritiva da proposta, na qual apenas serviços essenciais podem operar. Bauru e Taubaté, que estão na amarela, devem ficar na laranja, na qual bares não podem funcionar.
Presidente Prudente, Sorocaba e Registro devem seguir na fase laranja e o restante do estado permanecerá na amarela.
Mais de 49 mil mortes
Nesta quinta (14), o estado ultrapassou a marca de 49 mil mortes por coronavírus desde o início da pandemia, em meio a uma nova alta de casos, óbitos e internações pela doença após as festas de fim de ano.
A média diária de mortes por Covid-19 está acima de 200 há seis dias seguidos, valor que não era observado desde o dia 16 de setembro do ano passado.
A média móvel de mortes diárias, que considera os registros dos últimos sete dias, é de 217 nesta quinta-feira (14). O valor é 55% maior do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica tendência de alta da epidemia. Como o cálculo da média móvel leva em conta um período maior que o registro diário, é possível medir de forma mais fidedigna a tendência da pandemia.
O total de pacientes internados tem se mantido acima de 10 mil desde o início de dezembro de 2020, o que pressiona o sistema de saúde e interfere no atendimento de outras doenças. Na capital paulista, diversos hospitais da rede pública e privada estão com taxa de ocupação acima dos 90%.
Plano SP
A mudança de datas sucede alterações no chamado Plano São Paulo, que rege as regras de quarentena no estado.
Na sexta-feira (8), o governo paulista colocou em fase laranja as regiões de Sorocaba, Presidente Prudente, Marília e Registro na fase laranja. Por outro lado, esse estágio se tornou mais permissivo.
Algumas atividades – como salões de beleza, academias e parques, por exemplo – passaram a ser permitidas na fase laranja. O atendimento presencial em bares, entretanto, continua proibido.
O restante do estado foi mantido na fase amarela, que sofreu menos alterações.
Como ficou a Fase Laranja
Todos os setores de comércio e serviços passam a ser permitidos. A exceção é o atendimento presencial em bares, que continua proibido.
Capacidade de ocupação: antes era de 20% e vai para 40% em todos os setores.
Funcionamento máximo: ampliado de 4 para 8 horas por dia.
Horário de fechamento: atendimento presencial só poderá ser feito até 20h.
Parques estaduais, salões de beleza e academias: poderão abrir.
Como ficou a Fase Amarela
A capacidade máxima passa a ser limitada a 40% de ocupação para todos os setores. Antes, o percentual variava por setor: academias podiam operar com apenas 30% da ocupação, por exemplo.
O atendimento presencial ao público pode ser feito apenas até as 22h, em todos os setores, exceto no setor de bares, que pode funcionar até as 20h.
O horário de funcionamento passa a ser limitado a 10 horas por dia para todos os setores. Antes, o horário variava por setor.
Mudanças no Plano SP
Na semana passada, além de mudar o que pode funcionar em cada fase, o governo alterou os indicadores de saúde que orientam a reclassificação das regiões. Segundo a gestão estadual, houve um endurecimento das regras, para dificultar a mudança para estágios mais brandos.
De acordo com o médico João Gabbardo, também integrante do centro de contingência, a ideia é dificultar a mudança de fase, mas permitir que mais setores funcionem, direcionando as restrições de forma mais específica.
Indicadores para avançar de fase
Os novos indicadores necessários para que uma região avance de fase na quarentena foram publicados no Diário Oficial deste sábado (9).
Antes, para ir da fase amarela à verde, era necessário ter, nos 14 dias anteriores à reclassificação, no máximo 40 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e até 5 óbitos por 100 mil habitantes.
Agora, os limites são menores: nos 14 dias anteriores à reclassificação, é preciso ter até 30 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e até 3 óbitos por 100 mil habitantes.
Os valores para avançar da fase vermelha à laranja também mudaram: antes, para progredir de estágio, era necessário ter taxa até 75% de taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Agora, o limite máximo é de 70% de ocupação desses leitos intensivos destinados aos pacientes com Covid-19.
Alteração nos indicadores de evolução da pandemia
A revisão do plano feita na sexta alterou ainda os indicadores de evolução da pandemia que eram usados para todas as fases. Agora, são priorizados os indicadores de incidência, que avaliam a situação atual, e não a evolução em relação a semanas anteriores.
Antes, para todas as fases o plano levava em conta a evolução – de uma semana para outra – de casos, óbitos e internações por Covid-19. Somente no caso específico do avanço para a fase verde é que se considerava a incidência – ou seja, apenas a situação atual, e não um comparativo entre dois períodos – de casos, internações e óbitos.
Depois disso, os indicadores de incidência de internações e óbitos passaram a ser parâmetros para avanço em todas as fases.
A revisão do plano segue três eixos centrais:
o endurecimento dos indicadores de saúde, dificultando que regiões avancem para fases mais flexíveis;
a redução de restrições setoriais, que seriam substituídas por mais adesão aos protocolos sanitários;
e a recomendação para que as pessoas evitem a exposição ao vírus, especialmente após o horário delimitado para o encerramento de atividades econômicas.
G1