A mãe de Gustavo conversa com o menino e diz: “você não é melhor do que ninguém, tá bom? Nunca se esqueça disso”.
É que, aos 8 anos, ele toca violão, guitarra, teclado, ukelele e baixo, ainda se arrisca em bateria e gaita, sabe praticamente todas as músicas dos Beatles, instala sistemas operacionais em computadores... e é o brasileiro mais jovem a fazer parte da Mensa, uma sociedade internacional de pessoas com alto quociente de inteligência (QI). Praticamente um “clube de gênios”.
A criança ainda está no ensino fundamental de uma escola particular de São Paulo, mas já tem até a promessa de uma bolsa de estudos na Logos University International (Unilogos), nos Estados Unidos.
Gustavo nem sempre pareceu ser acima da média
A mãe de Gustavo, Luciane Saldanha, conta que nunca havia desconfiado de qualquer excepcionalidade na inteligência do filho. Quando bebê, ele demorou mais do que a média para aprender a falar: só pronunciou as primeiras palavras quase aos 3 anos.
“A gente só percebia que ele era mais inquieto e curioso. Na brinquedoteca, queria mexer na TV ou no interfone. Tinha interesses diferentes, mas nada que, para a família, fosse sinal de inteligência superior”, conta a mãe.
Em 2018, aos 5 anos, Gustavo aprendeu a cantar cinco músicas dos Beatles para a apresentação do Dia das Mães na escola. Foi aí que seu desempenho começou a chamar atenção: ele decorava rapidamente as letras, mesmo sem saber inglês.
Da hora de acordar ao momento de dormir, a trilha sonora da casa dos Saldanha ficava a cargo da banda de Liverpool. Nos momentos de lazer, o menino passou a comparecer a apresentações de conjuntos cover e a fazer aulas de violão e guitarra.
No início da pandemia, no entanto, os shows foram interrompidos, e a escola cancelou as atividades presenciais. O que parecia um caminho para o tédio acabou sendo uma oportunidade para descobrir uma nova paixão: tecnologia.
“Em pouco tempo, meu filho já estava apaixonado pelas plataformas de reunião, como Zoom e Google Meet. Começou até a mexer nos sistemas operacionais e a transformar Windows em Mac”, diz Luciane. “Aí, a gente falou: nossa, as crianças estão entediadas em casa, querendo voltar para a escola, e nosso filho curtindo o desenvolvimento na tecnologia nessa velocidade? Estava estranho.”
Os pais do menino procuraram, então, um centro de apoio a crianças com desenvolvimento intelectual acelerado em São Paulo.
Depois de 5 dias de testes on-line, os especialistas descobriram que ele tinha um QI elevado: alcançou 99 de percentil de acertos no WAIS III, uma das avaliações de inteligência mais conceituadas do mundo.
O que fazer a partir da descoberta do alto QI?
Diante desse resultado, a escola de Gustavo foi orientada a oferecer a ele um foco maior em suas habilidades, com mais horas de aulas de música e de contato com a tecnologia.
O desempenho do menino também chamou a atenção do neurocientista Fabiano de Abreu, membro do "clube de gênios".
“A Mensa Brasil não aceita crianças, então, recomendei aos pais do Gustavo que submetessem a candidatura do filho à Mensa International”, conta o especialista.
Para ser aprovado, é preciso demonstrar o percentil mínimo de 98 na avaliação WAIS III. Até então, Laura Buchelle, de 9 anos, era a criança brasileira mais nova a conseguir atingir essa marca e entrar para a "irmandade".
Gustavo, aos 8, também foi aceito e ainda bateu o recorde da menina: tornou-se o “caçulinha” do Brasil no clube de alta inteligência.
Agora, ele pode participar de encontros com pessoas que tenham interesses parecidos com os dele.
“São crianças fantásticas, que fazem o que muitos adultos não conseguem fazer”, diz Abreu.
O neurocientista está amparando a família de Gustavo e prestando consultoria para que o menino consiga bolsas de estudo no exterior.
E quais são os sonhos do pequeno 'gênio' ?
"Meu filho é fascinado pelos bastidores das novelas e dos jornais. Tem dia em que ele acorda e já coloca terno e gravata para ficar em casa", diz Luciane.
O menino tem "sonhos empresariais": quer criar a "Gustavo Saldanha Animation Studios", com restaurante, teatro, casa de shows e emissora de TV.
"Se ele conseguir um terço disso, já está bom, né? Mas é coisa para o futuro. Agora, o foco é tocar músicas no Natal", brinca a mãe.
G1