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Após alta de 42%, Abimaq prevê faturamento 5% maior com vendas de máquinas agrícolas em 2022
Economia e Negócios
Publicado em 22/04/2022

Depois de uma alta de 42,5% no faturamento em 2021, o setor de máquinas e insumos agrícolas espera uma elevação de 5% para o volume de negócios em 2022.

Se, por um lado, fatores como a desvalorização cambial e a alta das commodities ampliaram a rentabilidade dos produtores rurais, compradores das tecnologias lançadas, por outro, a inflação e o aumento nos custos com matérias-primas como o aço desafiam os empresários, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

A projeção mais conservadora para este ano, segundo Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade, entra em uma projeção mais ampla de elevação de até 40% na próxima década.

Uma perspectiva traçada em meio a recuos causados por questões pontuais, como clima e concorrência internacional no mercado de grãos, mas também impulsionada por uma maior demanda por alimentos como grãos, carnes e frutas, por fatores demográficos.

"Temos que separar o que é conjuntural e o que é estrutural. Estruturalmente vamos crescer porque tem o aumento populacional, principalmente na Ásia. E lá eles não têm tanto espaço para plantar, então quem vai oferecer esse alimento é o Brasil. Neste ano de 2022 temos uma expectativa de vender 5% a mais em relação a 2021. O que parece um número pequeno, mas não é, porque a base é muito alta. Se a gente conseguir fazer esses 5%, seria mais um ano excepcional", afirma.

Entre janeiro e dezembro do ano passado, o segmento faturou R$ 81,6 bilhões, R$ 27,3 bilhões a mais do que em 2020, que já vinha de alta de 17%. Somente no primeiro bimestre deste ano, as vendas já rentabilizaram R$ 11,5 bilhões.

Os números refletem as vendas principalmente para produtores das chamadas culturas de exportação, como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, carnes, madeira e celulose que, de uma maneira geral, se beneficiaram da alta do dólar.

"Um dos fatores foi a desvalorização cambial. Isso faz com que ele [produtor] ganhe mais. Do dia pra noite, o dólar estava a R$ 4, foi para R$ 5, então essa diferença ele ganhou como rentabilidade. E o preço das commodities em geral em 2020 e 2021 subiu muito, então a rentabilidade do produtor subiu muito, subiu muito a capacidade de fazer investimentos", diz Estevão.

Perdas de plantio nos Estados Unidos, safras prósperas brasileiras e o aumento da área plantada também ajudaram, acrescenta o representante da Abimaq. "Tivemos de 2020 a 22 quase 3 milhões de hectares de aumento de área plantada nas plantações de grãos. É um grande aumento e precisa de máquinas."

Presidente da Jacto, Fernando Gonçalves confirma que a capitalização dos agricultores e o aumento da área plantada ajudaram a ampliar em 45% os negócios da fabricante em 2021. Para 2022, esse crescimento pode chegar a e 15%.

“Muitos agricultores investindo em novas tecnologias para aumentar produtividade e reduzir custos de operação, ao mesmo tempo em que ampliaram área de produção, o que os levou à necessidade de ter mais máquinas agrícolas para o trabalho”, diz.
Diretor de marketing da Case IH para a América Latina, Eduardo Penha também confirma que o período entre 2020 e 2021 foi de crescimento para a marca.

“Foram os de maior número de lançamento de produtos da história da Case IH. Renovamos toda nossa linha de colheitadeiras e tratores de grande porte, além de lançamentos de pulverizadores, o que resultou em um crescimento de 25% em 2021”, afirma.

Desafios
Em contrapartida, as indústrias enfrentaram, nos últimos três anos, desafios como o aumento no preço do aço e do petróleo, a inflação, a desorganização na cadeia mundial de suprimentos, além de uma demanda de produção de máquinas acima do esperado.

 “Passamos de uma fila de sete para 11 semanas de entrega, porém tivemos um aumento em empregos diretos nesses dois anos de 85 mil para 114 mil colaboradores. A indústria respondeu muito bem à demanda, à falta de material, então conseguimos um saldo positivo nesse momento complexo", avalia o presidente setorial.

Para 2022 adiante, questões como a Guerra na Ucrânia e os desdobramentos do conflito no mercado de fertilizantes ainda devem ser observadas, afirmam os representantes das indústrias.

“Há desafios com os quais os agricultores terão de lidar e que impactam o nosso setor, como a insegurança no suprimento e preço de insumos como fertilizantes”, alerta Gonçalves, da Jacto.

Estevão ressalva que o movimento que levou aos ótimos números de 2021 não deve ser de curto prazo, mas isso não significa que todos os anos serão iguais. “A perspectiva para os próximos dez anos é um aumento de 30 a 40%, mas as commodities têm fatores que não controlamos”, diz.

 

EPTV

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