A aprovação de novos agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano a ano desde 2016, renovando recordes.
Somente em 2022, 652 agrotóxicos foram liberados, uma alta de 16% em relação a 2016 e o maior número já registrado pela série histórica da Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA) do Ministério da Agricultura, que começou há 23 anos.
Uma fonte do Ministério da Agricultura disse ao g1 que o número alto de liberações está relacionado a uma reorganização, em 2016, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) -- que analisa os riscos dos agrotóxicos à saúde humana.
Uma das mudanças foi a atração de servidores de outras áreas da Anvisa para o setor de agrotóxicos, por exemplo. Um dos objetivos era acelerar as análises.
O professor da Escola Superior de Agricultura da USP José Octávio Mentem também associa o recorde a uma maior eficiência dos órgãos registrantes. São estes: Anvisa, Ibama (que analisa os riscos ambientais) e o Ministério da Agricultura, que formaliza os registros.
"Ainda existe uma fila muito grande, mas devido à melhor articulação entre Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura, houve esse aumento dos produtos registrados", acrescenta.
O levantamento de 2022 mostra também:
que dos 652 agrotóxicos liberados no ano passado, 43 são inéditos, o que também é um recorde para 1 ano na série histórica;
o restante é considerado genérico, ou seja, são "cópias" de matérias-primas inéditas ou produtos finais baseados em ingredientes já existentes no mercado;
do total de liberações, 516 são químicos e 136 biológicos: os biológicos têm baixo impacto ambiental e são voltados para a agricultura orgânica – pela legislação brasileira, eles também são chamados de agrotóxicos;
os registros de biológicos em 2022 também bateram recorde anual;
Dos 43 produtos inéditos, 8 foram para as indústrias e 35 para uso dos agricultores.
Dentre os 35 agrotóxicos inéditos liberados aos produtores, 22 foram considerados "muito perigoso ao meio ambiente" pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Veja a seguir os detalhes de cada um.
G1