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Pesquisa da USP troca antibiótico para frangos por extrato do lúpulo
Brasil
Publicado em 19/05/2023

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, estuda a substituição dos antibióticos para prevenir doenças em frangos por extratos feitos a partir do lúpulo, uma planta trepadeira usada na composição da cerveja.

A proteção é muito semelhante a dos antibióticos, mas sem prejudicar a natureza e o consumidor.

Pesquisa iniciada em 2014

Iniciado em 2014, o projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Ele é coordenado pelo professor de química da USP Daniel Cardoso. Um artigo que descreve o trabalho foi publicado na revista científica Internacional Processes.

“De 2015 para cá, produtores começaram a plantar lúpulo no país. Nós fomos um dos primeiros laboratórios que implementaram as metodologias oficiais de análise química de lúpulo. A gente avaliou o lúpulo produzido no país e viu que ele tem uma fitoquímica, uma composição química em alfa ácidos, beta ácidos, óleos essenciais, tão boa quanto os lúpulos produzidos lá fora”, disse o professor do Instituto de Química Stanislau Bogusz Júnior.

Esses "alfa ácidos" garantem o amargo característico da cerveja, mas, na mesma planta, é extraído o “beta ácido”, que tem propriedades antimicrobianas, ou seja, que reduzem a presença de bactérias e fungos.

Durante a pesquisa, dezenas de frangos de corte receberam a ração com extrato de lúpulo. O produto substituiu um antibiótico usado para evitar doenças nas aves.

“O uso, indiscriminado de antibiótico na agroindústria, na produção de carne animal, também leva à bactérias mais resistentes, então, se olhar de um ponto de vista global, você só tem benefícios em substituir esse tipo de aditivo à ração por produtos naturais”, disse o coordenador Daniel Cardoso.

Viabilidade

O lúpulo é prensado e o cheiro dele é muito forte, mas a vantagem é que não passa diretamente pra carne. Foram feitos testes iniciais com o sabor, que não apresentou alteração.

A ideia do projeto temático foi justamente identificar a viabilidade dessa prática com as aves, sem alterar o aroma e também o aspecto físico da carne.

O estudo reforça principalmente a vantagem do uso do lúpulo para evitar a oxidação da carne, ou seja que ela estrague mais rápido.

“Quando a gente fala oxidação, a gente tem que lembrar daquela manteiga que as vezes fica velha na geladeira fica com cheiro bem desagradável, então com isso, a carne de frango vai durar mais tempo na gondola do supermercado, vai sofrer menos oxidação e diminui o desperdício também, envolvendo essas questões de sustentabilidade”, disse Bogusz Júnior.

Agora a expectativa é que os criadores de aves tenham acesso ao extrato de lúpulo e, aos poucos, substituam o uso de antibióticos nas carnes. Ele já está sendo comercializado no mercado, após parceria com uma empresa do setor.

"Uma que você tem o produto de maior segurança alimentar e segundo que, se você aumentar estabilidade oxidativa da carne, significativamente, que é o que a gente demonstrou tanto pro beta ácido, mas pra outros aditivos que a gente trabalhou em nutrição animal, você diminui significativamente o custo do produto, você diminui o desperdício” , afirmou Cardoso.

Embora o lúpulo seja usado como ação preventiva dentro das granjas, ele não substitui o antibiótico caso o animal já esteja doente.

 

G1

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