O preço médio dos imóveis subiu 26% em 2011, segundo pesquisa realizada em seis capitais e no Distrito Federal pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Zap Imóveis. Apesar do significativo aumento, o mercado imobiliário apresentou um arrefecimento. No último mês do ano houve desaceleração de alta no valor do metro quadrado dos imóveis de capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Brasília, inclusive, chegou a apresentar recuo de 0,2% no indicador. Mas o movimento de desaceleração é um pouco mais antigo: desde abril de 2011 que o preço médio do imóvel sobe menos mês a mês.
Uma das teses defendidas por especialistas do setor, como o pesquisador da FipeZap Eduardo Zylberstajn, é a de que a economia do País pode ter refletido no comportamento do preço do metro quadrado. No terceiro trimestre de 2011, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou estável, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Isso é parte da própria desaceleração da economia. A atividade tem vindo mais fraca, o mercado de trabalho dando sinais de que não está no mesmo ritmo do ano passado. Isso contamina a economia como um todo", afirmou.
Apenas o fato de a economia estar menos aquecida não diz muito, mas a escassez de crédito no País, sim, já que o mercado imobiliário depende da quantidade de crédito disponível para as pessoas e investidores adquirirem bens. Segundo o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida, desde o final de 2010 e ao longo de 2011 o governo federal tomou medidas de contenção ao crédito, o que, aliado a outros fatores circunstanciais, colaborou para a desaceleração no setor.
"A gente teve um crescimento muito grande da oferta (de crédito) desde 2004, e se pensou que isso ia continuar sempre. Mas devido ao controle de inflação e também à desaceleração da economia europeia, que cessou um pouco a fonte de crédito, o governo não entrou com crédito abundante", disse ele.
Retomada
Para o professor do Insper está descartada a possibilidade de uma tendência de desaceleração no mercado imobiliário nos próximos meses, dado que o governo voltou a estimular a economia com medidas como a redução da taxa básica de juros (Selic). Ele prevê que já neste primeiro semestre de 2012 possa ser verificado um reaquecimento.
No entanto, a chance de a retomada dos preços ocorrer no mesmo forte ritmo de antes é pequena, por conta de a economia brasileira crescer menos daqui para frente. "A relação entre crédito e PIB em 2004 era de 18%, e agora é algo em torno de 47% do PIB. Só que essa relação não está crescendo tanto mais", explicou Almeida.
Brasília e o recuo de preços
Embora Brasília tenha apresentado recuo no preço dos imóveis em dezembro é difícil que isso se verifique daqui para frente na capital federal ou no restante das capitais, até pela diminuição ter sido pequena. O comportamento do mercado imobiliário em Brasília é diferente por conta do plano piloto da cidade, que não permite a construção em qualquer terreno, além do fator sazonal. "Lá em Brasília ocorreu uma acomodação, porque em dezembro diminui muito a atividade. As pessoas começam a comprar a partir desse início de ano", afirmou Zylberstajn.
O déficit habitacional, que, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgada em outubro, era de 7,9 milhões de moradias no País, também contribuirá para a retomada dos preços. "A população ainda não está morando bem. O mercado está desacelerando, sendo que ainda tem déficit habitacional. Era para o preço estar subindo, o crédito estar farto e a taxa de juros caindo, e sem medo de bolha imobiliária", disse o professor.
Fonte Terra