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Crise na citricultura deve agravar-se pelas próximas duas safras
Economia e Negócios
Publicado em 11/09/2012

 

Ações para estimular o consumo mundial de suco são planejadas; na região, produtores começam a trocar de cultura
 
 
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR) informou no final de agosto os números relativos aos estoques globais de suco de laranja brasileiro. Até 30 de junho eram de 662.452 toneladas, valor 209% superior a julho de 2011, quando eram de 214 mil toneladas. Os números estão bem acima da média histórica. A entidade diz que, salvo algum desastre climático na Flórida, a situação deve prolongar-se e até agravar-se nas duas próximas safras. Em outras palavras, pode não haver necessidade de colher a fruta em 2014.
 
A Citrus BR diz que, neste ano, a indústria vai processar, de novo, mais suco do que venderá. Com isso, no próximo ano, os estoques estarão ainda mais elevados. As atuais 662 mil toneladas de junho para julho, período que marca o término da safra, já são suficientes para quase oito meses de consumo.
 
No próximo ano, em julho de 2013, esse número poderá estar acima de 700 mil toneladas, podendo chegar a quase 10 meses de consumo.
 
Com isso, caso a safra 2013 venha novamente robusta, em 2014 haverá estoque de suco para quase um ano e praticamente não haverá colheita de fruta.
 
"Quando se encontra o mercado internacional em queda e esse acúmulo é somado à supersafra, praticamente não há o que fazer", analisa Christian Lohbauer, presidente da Citrus BR.
 
Para ele, o ideal é que a safra fosse baixa, mas esta é uma variável impossível de ser prevista. "A produtividade só tem aumentado." Com relação ao apoio do Governo, é enfático. "O Governo pensa no Brasil, mas nosso negócio não é só no País. É principalmente fora."
 
Lohbauer traçou algumas sugestões para o atual panorama do setor. "Mudanças são necessárias e começaram a ser essenciais desde o fim dos anos 90." 
 
 
Retrospecto
 
Entre as safras de 2006/2007, as exportações caíram de 1,407 milhão de toneladas para 1,161 mi. Essas 246 mil toneladas de diferença correspondem a 65 milhões de caixas que deixaram de ser consumidas. Para este ano, a previsão de exportação é inferior a 1,1 mil toneladas, o que agrava a situação.
 
Para a indústria, com isso, o estoque de suco saltou de R$ 700 milhões para R$ 3,1 bilhões, dos quais, apenas 9% são financiados com dinheiro público da Linha Especial de Crédito.
 
Soma-se a diminuição de oferta de suco brasileiro nos Estados Unidos por causa do fungicida carbendazim. A má publicidade por causa do evento fez com que, só este ano, o recuo no consumo seja de 9%. Ainda, a Flórida recuperou-se e a oferta de fruta estimada, por ora, será de 165 milhões de caixas, bem acima das 142 milhões do ano passado.
 
Foto e reportagem do Araraquara.com
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