O consultor da Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentos Agrícolas (AACREA), Sebastián Gavaldá, está viajando pela região Oeste de Mato Grosso durante o Circuito Aprosoja apresentando informações sobre a produção de grãos em seu país. Em Diamantino, ele explicou aos produtores rurais como a agricultura funciona sob os mais diversos aspectos.
“Temos muitos aspectos parecidos com o Brasil, mas uma vantagem sobre vocês é que a produção não precisa ‘viajar’ mais de 400 quilômetros para chegar a um porto”, disse Gavaldá. Mesmo assim, 84% do escoamento da safra são feitos por caminhões, 15% por ferrovias seculares e 1% por hidrovias.
A Argentina, assim como Mato Grosso, cresceu exponencialmente na produção de soja nos últimos anos. Em 1993, eram produzidas quatro milhões de toneladas no país. Na última safra, foram 56 milhões de toneladas. Muito se deve à entrada da tecnologia transgênica no país, que atualmente é de 100% em área de soja e algodão, e o milho chega a quase este total. “Atualmente, os melhores solos, que ficam na região central do país, estão produzindo 3,6 milhões de toneladas”, informou Sebastián Gavaldá.
Segundo o consultor da Globaltecnos S. A., na Argentina 12% das terras são utilizadas para cultivos anuais, como soja e milho, e a maior parte (39%) é de área preservada. Gavaldá explicou que seu país também ter um solo fértil e tem baixa incidência de doenças e pragas nas lavouras. “O clima e a disponibilidade de terras, que eram favoráveis e comparados ao Brasil, agora já não estão tão bons quanto em anos anteriores”, explicou.
Cinquenta por cento das fazendas na Argentina são arrendadas e a maioria dos contratos se renova anualmente. “Na melhor área do país o arrendamento está na faixa de 30 sacas por hectare”, explicou Gavaldá. Ele também disse que as operações no país são terceirizadas, ou seja, os produtores terceirizam as colheitadeiras, as plantadeiras e até a mão de obra por safra.
Na Argentina, algumas vantagens competitivas são a alta tecnologia empregada, a grande demanda interna, com o uso de biodiesel, e também uma Câmara de Arbitragem, que é um órgão que tem a função de mediar acordos entre produtores rurais e tradings. Como desvantagens, o consultor argentino explicou que há altos impostos, a infraestrutura não é boa, especialmente em rodovias, e uma inflação de 25%. Além disso, o produtor de soja recebe 35% a menos na venda da sua produção a título de impostos de exportação.
Os argentinos estão conseguindo produzir soja a um custo bem menor que os brasileiros. No total, o custo de produção deles é de R$ 478,00 por hectare, enquanto aqui custa, em média, R$ 1.000,00 por hectare. Na safra 2013/14, a Argentina deve aumentar sua área em 2%, com uma produção de 51 mil a 57 mil toneladas.
Para o diretor administrativo da Aprosoja, Roger Augusto Rodrigues, é interessante saber como as coisas acontecem em outros países produtores. “Apesar de ser nossa vizinha, a Argentina tem coisas bem diferenciadas. Olharmos para nossos ‘concorrentes’ é essencial para sabermos que estamos reclamando muito ou se estamos acomodados”, afirmou. Já o delegado coordenador da Aprosoja em Diamantino, Rogério Cocco Rubin, disse estar satisfeito com o formato do Circuito Aprosoja. “Estamos muito felizes com a receptividade dos produtores do município. Apesar de termos um grande potencial agrícola, o município é, em sua maioria, muito pobre. E ter um painel de discussão deste nível é incrível”, disse.
Circuito Aprosoja – O executivo chinês Lin Tan também palestrou para os produtores rurais diamantinenses, assim como Bill Raben, produtor rural norte-americano. O Circuito Aprosoja continua viajando nesta semana pela região Oeste de Mato Grosso.
O evento é uma realização da Aprosoja e do Senar-MT, com patrocínio da Bayer, Syngenta, Basf, Fundação MT e TMG.
Do AgroLink