As chuvas acima da média histórica nos meses de maio, junho e julho --períodos tradicionalmente de estiagem-- podem reverter a queda no preço do etanol verificada neste ano e reduzir as estimativas de moagem da atual safra de cana-de-açúcar.
Segundo especialistas do setor, ainda não é possível dimensionar os números, mas os prejuízos já começaram a surgir porque as chuvas reduzem a produtividade das plantas e afetam as operações industriais, aumentando os custos das usinas.
Em Ribeirão Preto, um dos principais polos sucroalcooleiros do Brasil, o litro do etanol é vendido atualmente ao preço médio de R$ 1,76 --o equivalente a 64% do preço do litro da gasolina, de R$ 2,76. Acima de 70%, o etanol passa a ser desvantajoso.
Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), só na primeira quinzena de julho, o ATR (quilo de concentração de açúcar) por tonelada de cana caiu 0,28% em relação ao mesmo período de 2012. A moagem cresceu apenas 1,1%.
A Datagro, uma das maiores consultorias sucroalcooleiras do país, está em processo de revisão da estimativa da safra atual, "provavelmente para baixo", segundo o seu presidente, o consultor Plinio Nastari. "A revisão acontece por causa das chuvas."
De acordo com ele, os problemas de falta de produtividade e aumento dos custos diminuem a disponibilidade de etanol, pressionando a alta nos preços.
"O que aconteceu foi anormal e os resultados negativos já estão começando a aparecer", disse.
Para o pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) Marcos Landell, mesmo que as chuvas parem, os prejuízos vão permanecer porque a planta vai crescer mais do que o necessário, consumindo toda sua energia e reduzindo o ATR.
"A queda na produtividade deve permanecer por semanas. Essas chuvas vão fazer com que o mês de julho e a primeira quinzena de agosto sejam perdidos para a produção e moagem de cana-de-açúcar ", disse o pesquisador.
AÇÚCAR
Nesta quinta-feira (25), segundo a consultoria Datagro, o preço da tonelada de açúcar negociada na bolsa de valores de Nova York fechou em alta de 1,54% em relação a quarta-feira (24).
Na comparação com o menor valor da semana passada, a valorização foi de 2,44%.
Para o sócio-diretor da consultoria Juliano Merlotto, a valorização pode estar ligada ao clima chuvoso e à possibilidade de geada, que podem atrasar a safra e diminuir a produção no Brasil.
O país é o maior produtor mundial de açúcar. (Da Folha de SP)