Produtores de laranja da região de Araraquara (SP) receberam com otimismo os dados divulgados pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) nesta quinta-feira (10). O balanço mostra que o Estado de São Paulo vai terminar o ano com uma produção 7% menor do que a de 2014, com 286 milhões de caixas, mas os empresários veem nessa redução o equilíbrio do mercado. Também reforçam que o número é bem menor do que a queda na Flórida, principal concorrente.
A concorrência registrou uma diminuição de 28% na produção neste ano, passando de 96 para 69 milhões de caixas. “Isso se deve, principalmente, ao greening, a doença mais séria da citricultura mundial, que tomou conta de grande parte da citricultura do estado da Flórida, com 80% das plantas hoje sintomáticas e com sintomas severos, e que causa uma diminuição do tamanho da fruta e uma queda acentuada”, contou Juliano Ayres, gerente do Fundecitrus.
Ele explicou que os dados em São Paulo foram colhidos em mais de 7,5 mil propriedades e que, apesar do greening, o principal fator da queda em solo paulista foi o clima quente logo depois da florada. “A nossa redução de estimativa de safra de 286 deste ano em relação a 308 do ano passado está mais ligada à condição climática”.
Com esse cenário, os produtores veem uma possibilidade de ajuste do mercado. “Nós tivemos, há quatro anos, grandes safras, tivemos grandes perdas. Eu acho que agora, com a nossa produção ajustada, com a safra americana não chegando a 70 milhões de caixas, o mercado vai se equilibrar”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos, que responde por mais de 2 mil associados.
A diminuição também ajuda a indústria a regular os estoques de suco, que estavam muito altos, derrubando os preços. “O ideal é que, em toda a safra, a gente consiga passar com estoque simplesmente para conseguir cumprir aquele ato entre uma safra e outra. É muito difícil que isso aconteça, mas agora a gente tem uma oportunidade para colocar a casa em ordem”, comentou Ibiapaba Netto, presidente da CitrusBr.
Élio La Laina também está mais otimista. Depois de enfrentar anos bem difíceis, neste ele entende que o clima não atrapalhou e, mesmo empatando com a última safra, comemora o resultado da colheita: 60 mil caixas. “No ano passado a gente só olhava para o céu, precisando de chuva, a chuva não vinha, perdemos muitos chumbinhos, que são os frutos no início de desenvolvimento, e este ano está sendo um ano atípico e bom, muito bom”, elogiou o citricultor.