A safra de laranja 2016/17 do principal parque citrícola do Brasil - que engloba 349 municípios de São Paulo e Minas Gerais - deverá ser de 245 milhões de caixas de 40,8 kg, segundo estimativa do Fundecitrus - Fundo de Defesa da Citricultura, anunciada ontem.
A produção estimada é 18% menor do que a da safra anterior - na qual foram colhidas 300 milhões de caixas - e poderá ser a pior em 20 anos.
A redução ocorre devido às altas temperaturas na época da florada das árvores, que causaram a queda das flores e chumbinhos (frutinhos).
“Tivemos temperaturas muito acima das médias históricas, o que reduziu a quantidade de frutas por árvore”, explica Juliano Ayres, gerente geral do Fundecitrus.
Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR, ressalta que embora a estimativa seja menor, não necessariamente indica que será uma produção ruim, já que isso vai depender da quantidade de suco presente na laranja.
“Ano passado foram necessárias 300 caixas da fruta para se fazer uma tonelada de suco, o que foi o pior rendimento da história. Em 2014, foram necessárias apenas 240. Assim, se o clima ajudar, podemos ter uma boa produção”, pontua.
Para Adílson Penariol, diretor agroindustrial da Agroterenas Citrus, a redução não foi uma surpresa. “Num curto prazo isso vai ser uma oportunidade de o mercado se ajustar e até elevar o preço da venda, mas a médio e longo prazo é preocupante, já que o setor pode perder importância se continuar sendo reduzido dessa maneira”, afirma.
Parque citrícola está diminuindo e preocupa
O levantamento da Fundecitrus mostra que o parque citrícola encolheu 27,8 mil hectares em 2015, chegando a 416 mil hectares de área plantada, 6% menor que há um ano. A maior perda de pomares por erradicação ou abandono ocorreu na região de Matão, que foi reduzida em 6.429 mil hectares (-18% do total). Outro dado preocupante é que 2015 se plantou apenas 8 mil mudas de árvores, metade do plantio do ano anterior.
É um momento preocupante
O principal fator da redução do número de frutos por árvore e, consequentemente, da queda da produtividade, foi uma condição climática adversa logo depois do florescimento, quando as frutas estão mais frágeis a mudanças como essas.
Além disso, o plantio de mudas, que era de acima de 30 mil hectares anuais em 2007, caiu para cerca de 17 mil em 2014 e 8 mil no ano passado.
Realmente é um momento preocupante, de redução da área plantada e queda no consumo e na produtividade. O produtor, receoso, plantou menos laranja. Entretanto, isso deve ser ajustado nas próximas safras de acordo com a oferta e procura.
Juliano Ayres
Gerente geral do Fundecitrus